Ano passado, antes do novo jogo da franquia Dragon Age ser lançado, algumas imagens promocionais foram lançadas, incluindo esta:
Eu e muitas outras pessoas fizemos relação com a pintura “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci.
Não só isso, mas lembro de que na época havia muitas postagens no tumblr tentando adivinhar as personalidades dos personagens baseando-se nas posições em que eles estavam, fazendo um paralelo com o apóstolo que ocupava o mesmo lugar.
Então resolvi fazer uma análise diferente. Depois de ter terminado o jogo quatro vezes (e contando) farei novos paralelos com os personagens e os apóstolos, agora já sabendo melhor a personalidade de todos eles.
Por isso já aviso: Essa postagem está cheia de spoilers! E garanto que são spoilers pesados para a trama do jogo.
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Ainda aqui? Tudo bem, não diga que eu não avisei.
Cullen Rutherford: Bartolomeu (Natanael)
Cullen era um templário durante os eventos de DA:O e DA2, até ser recrutado por Cassandra para fazer parte da inquisição. Cullen sempre foi um homem que acreditava no Maker (que seria a nossa ideia de Deus) e por anos realmente acreditava que magos deviam ser controlados e presos. Em DA:I vemos que ele se questiona e muda seus posicionamentos em relações há várias questões, ele ainda prefere que o personagem principal busque ajuda dos templários e teme o poder dos magos, mas há muita diferença entre seu personagem antes DA:I e pós DA:I.
Assim como Cassandra apresenta Cullen ao inquisitor, é Filipe que apresenta Bartolomeu a Jesus (apesar de que Cassandra não estar na mesma posição de Filipe). A questão é: Bartolomeu era cético em relação a religiões antes de conhecer Jesus, enquanto Cullen sempre foi um personagem devoto. Acredito que o paralelo se dê na questão de que houve uma mudança. Cullen acreditava que a versão dos templários era a certa durante os outros jogos e quando chegamos em DA:I, vemos um Cullen que se questiona em relação a isso, então em ambos houve uma mudança em relação ao que eles acreditam. Além disso, Bartolomeu é dito como um dos apóstolos mais presentes e ativos, Cullen é o comandante da inquisição e em todas as cenas principais do jogo, ele aparece em algum momento, pois está sempre do lado do personagem principal.
Em vários lugares que pesquisei sobre Bartolomeu, li que ele “superou dificuldades” e conseguiu converter muitas pessoas. Durante o jogo, descobrimos que Cullen está tentando superar seu vício em lirium (um vício que todos os templários têm depois de passar algum tempo na ordem), ele está tentando superar esse problema. Em sua missão pessoal, vemos que ele está em conflito porque precisa fazer o certo para a inquisição e podemos escolher fazê-lo voltar a tomar lirium (para não sofrer abstinência e comprometer seu trabalho) ou não voltar ao vício (e ficando limpo de uma vez por todas). Claro que a mensagem de “superação” aparece muito mais se escolhemos não deixá-lo voltar ao vício, porém independente da escolha, é uma forma de Cullen passar por suas dores para realizar o seu trabalho da melhor forma já que ele é muito devoto à inquisição.
Vivienne: Tiago, o Menor.
Vivienne é uma maga respeitada na corte de Orlais, conhecida como “Madame de Ferro”. Ela também foi a primeira maga a ter um espaço de respeito entre a nobreza, lembrando que os magos são vítimas de preconceito em Thedas. Apesar disso, Vivienne é a favor do Círculo dos magos, alegando que magos são sim perigosos e eles precisam de alguém que fique de olho neles e um lugar para terem o treinamento adequado. Essa é a primeira aparição de Vivienne e dependendo das escolhas do jogador, ela pode se tornar Divine (o que seria o que nós entendemos por Papa, porém a posição é ocupada por uma mulher).
Tiago liderou o grupo de Jerusalém como seu primeiro bispo. Como eu disse antes, Vivienne pode se tornar Divine dependendo do que o personagem principal faz, porém dentre as três opções, ela é a que mais causa controvérsias (em um primeiro momento) por ser uma maga (a posição de Divine nunca tinha sido ocupada por uma maga antes). Outro ponto que achei interessante nas comparações é que muitos consideram Pedro como o primeiro bispo ao invés de Tiago. É muito fácil imaginar várias das famílias nobres mais conservadores se negando a reconhecer a posição de Vivienne por ela ser maga.
Como existem poucas informações sobre a vida de Tiago, muitas das fontes acabam não batendo com as outras e os próprios especialistas discordam em vários pontos, mas uma palavra que eu vi repetida em quase todo o lugar que li sobre ele foi “autoridade”. Quem jogou sabe que “autoridade” está no campo de palavras que qualquer um usaria pra descrever Vivienne. Está estampado em tudo: no jeito que ela fala, que ela se veste, que anda, suas influências, etc. As pessoas respeitam Vivienne pela sua posição e como ela se mantém nela. Divine ou não, Vivienne sempre se encontra em uma posição de poder e é uma figura de autoridade.
Varric Tethras: André
Varric é um anão contador de histórias, fazendo sua primeira aparição durante DA2, quando Cassandra o interrogava sobre os paradeiros de Hawke, personagem principal do segundo jogo. Varric é um anão que mora na superfície e não tem muito amor pelas tradições que os anões carregam. Ele é escritor e conhecido por inventar as histórias mais malucas, mas também é um dos primeiros companheiros de Hawke e que o ajuda a crescer em Kirkwall. Varric também tem um irmão mais velho e a relação deles não é exatamente das melhores. Em DA:I ele foi levado por Cassandra para contar para a Divine sobre Hawke, porém com o massacre de todos presentes na reunião entre magos e templários e a morte da Divine, Varric resolveu ficar e ajudar na inquisição.
O primeiro paralelo que consigo pensar, apesar de não ser tanto sobre o jogo, é que André é considerado como o primeiro apóstolo de Jesus ao mesmo tempo em que Varric foi o primeiro personagem confirmado para DA:I.
André aparece em vários momentos da vida pública de Jesus além de ser citado em vários momentos, Varric é um dos personagens iniciais de DA:I e tem grande participação em várias partes importantes do jogo, além de ser um dos personagens mais lembrados entre os fãs e usado em publicidades.
Pedro é citado como irmão de André, apesar de não mencionar se é mais velho ou mais novo, o que remete a relação que Varric tem com Cole, que fica na mesma posição que Pedro. Durante a missão de Cole, Varric é um dos personagens que se mostra mais preocupado com o destino do amigo.
E um último ponto mais vago, mas acho válido, é que assim como André deixou sua cidade para seguir Jesus, Varric deixou e não voltou para Kirkwall para acompanhar o inquisitor.
Cole: Pedro
Cole é um espírito que já tinha aparecido no livro Asunder. Na verdade, ele não é exatamente um espírito, Solas explica eventualmente que Cole está em algum ponto entre ser um espírito e um humano, pois possui um corpo sem ter possuído ninguém, porém consegue fazer pessoas esquecerem dele e ouvir pensamentos mesmo não sendo um mago. Cole pensa diferente, muitas vezes falando o que vê na cabeça dos outros. Por ser parte espírito, não são todos os personagens que gostam de ter Cole por perto, porém ele se importa, em primeiro lugar, em ajudar os outros e punir aqueles que fazem o mal.
Apesar de parecer que Cole estaria na posição de Judas, dá pra ver que Pedro vem primeiro, porém está inclinado e parece vir depois (entre outros motivos que explicarei mais tarde).
Primeiramente, ambos Pedro e Cole não usam o seu “verdadeiro nome”. Várias vezes é dito que o nome verdadeiro de Pedro é Simão, assim como Cole que ele adotou depois de se unir ao corpo de um humano (explicado melhor durante sua missão pessoal).
Pedro é “milagrosamente” solto da prisão em Jerusalém, o que faz um paralelo com a participação de Cole no livro Asunder. Ele era um espírito que rondava a prisão, mas por algum motivo se sentia como se estivesse preso e não podendo sair. Mais tarde no livro, para seguir outro personagem, de alguma forma ele consegue surgir no lugar que precisa estar, longe da prisão.
Cole faz muitas coisas consideradas impossíveis para outros, consegue fazer pessoas se esquecerem dele, aparece e desaparece de certos lugares, consegue ler pensamentos… Mas ele sempre tenta usar isso para ajudar os outros. É possível criar um paralelo aí no sentido em que Pedro é um dos apóstolos considerados mais importantes e que participa dos maiores milagres, as coisas consideradas impossíveis.
Solas: Judas
Solas é um elfo mago que pesquisa sobre o fade, a dimensão para qual as pessoas vão quando dormem (com exceção dos anões). Solas é um dos primeiros personagens que conhecemos no jogo e também parece ser o único que tem alguma ideia do que está acontecendo. Além disso, Solas tem uma visão diferente, se comparada ao dos outros personagens, sobre magia, espíritos e coisas relacionadas. Apesar de não ser dalish, Solas fala muito bem a língua dos elfos e aparentemente tem um conhecimento maior sobre isso do que o esperado. No final do jogo descobrimos que ele não é apenas “Solas”, mas sim Fen’Harel, um dos deuses do panteão élfico, o deus conhecido como trapaceiro e que os elfos dalish temem. Na verdade, ele se junta a inquisição porque foi ele que deu a orbe élfica para Corypheus, que causou o caos todo. Ainda não sabemos quais eram as reais intenções de Solas.
Como falei antes na parte do Cole, apesar de parecer que não, Judas é a pessoa do meio no trio logo a direita de Jesus. Solas não está inclinado para frente como Judas, porém ele é o que tem a relação mais clara com o apóstolo.
Claro, no jogo Solas não vende o inquisitor, mas tanto ele quanto Judas criam um momento de tensão e certo caos em suas respectivas histórias. Judas entrega Jesus e por isso este é crucificado e morto, Solas entregou sua orbe para Corypheus e graças a isso, todo o caos do jogo aconteceu. As ações de ambos fez com que um “salvador” se levantasse, mesmo que em momentos diferentes.
Agora, se pararmos de pensar no Solas como “Solas” e pensarmos mais nele como “Fen’Harel”, a relação fica muito mais clara. Assim como hoje Judas é visto como traidor, os dalish também enxergam Fen’Harel dessa forma, afinal foi ele que expulsou os deuses élficos do mundo e por isso os elfos antigos foram destruídos por Tevinter (o que descobrimos que não é verdade, os elfos entraram em conflito e Tevinter os escravizou quando já estavam fracos de uma luta interna, informação dada por Abelas durante a missão What Pride Had Wrought). A questão é: tanto Judas quanto Fen’Harel traíram alguém.
Não sabemos ainda das intenções de Fen’Harel com isso, as intenções de Judas são lidas como “avareza por muitos” e eu simplesmente não consigo ignorar que Solas também é ligado a um dos pecados capitais, já que “Solas” em élfico significa orgulho.
Pra terminar essa parte, queria fazer mais um paralelo com o romance do Solas. Uma inquisitor elfa pode ter romance com o personagem, porém ele te larga antes do final do jogo sem mais nem menos. Devido às revelações do final do jogo ou até as reações do seu personagem, podemos interpretar que na verdade o relacionamento não tenha sido verdadeiro, lembrando da expressão “beijo de Judas” (apesar de que o criador de Solas, Patrick Weekes, disse em entrevista que não houve falsidade nem durante o romance ou durante a amizade por parte de Solas).
Cassandra Pentaghast: João
Junto com Varric e Solas, é uma das personagens que começam com o personagem principal durante o jogo. Cassandra já tinha sido apresentada durante DA2 quando interrogava Varric sobre os paradeiros de Hawke. Cassandra é uma seeker, uma ordem investigadora que responde diretamente à Divine. Cassandra é uma personagem devota, como Cullen, e também uma guerreira conhecida por sua força. Ela vem de família nobre e durante o jogo a vemos questionando as formas como a igreja atua, a necessidade dos seeker, entre outras coisas. Assim como Vivienne, dependendo das escolhas do jogador, ela pode virar Divine.
A primeira relação de João com Cassandra é a admiração que eles têm pela pessoa que seguem. A admiração de João por Jesus é citada várias vezes, tanto que ele pede para ficar ao lado dele. Cassandra também confessa sua admiração pelo inquisitor se o jogador segue o caminho de amizade dela, ainda mais se a personagem for mulher, nesse caso Cassandra a compara com Andraste (o equivalente a figura de Jesus na nossa realidade). Além disso, Cassandra também é uma das personagens que sempre está por perto do inquisitor e aparece ao lado do principal tanto nas reuniões de guerra, como nas fotos promocionais.
João é o apóstolo que acompanhou Jesus quando este foi preso, enquanto Cassandra é a pessoa que guia o personagem principal depois que este sai da prisão. João escreveu “O Livro da Revelação do Apocalipse”, acredita-se que nele continha fragmentos de uma grande revelação. Cassandra começa a escrever sobre a missão no fade, dizendo que da primeira vez que isso aconteceu ninguém escreveu sobre e agora eles não sabem a verdade, portanto isso não podia acontecer de novo.
Inquisitor: Jesus
Claro que, por ser um rpg, o personagem principal pode ser moldado de qualquer forma de acordo com a nossa vontade, mas algumas coisas sempre serão as mesmas. O inquisitor fez milagres, foi o único sobrevivente ao ataque de Corypheus, carrega na mão uma marca que pode fechar os portais entre o fade e o mundo real, além de ser nomeado “o mensageiro de Andraste”. O inquisitor é visto como um ser mandado pelo próprio Maker para salvar a todos “a pessoa que precisávamos na hora em que precisávamos”. Portanto, o personagem principal guia a inquisição com o objetivo de acabar com Corypheus e trazer a paz.
Ambos são vistos como os salvadores do mundo. Mesmo com interpretações diferentes, Jesus teria vindo para espalhar a mensagem de Deus, ao mesmo tempo que o inquisitor é chamado de “o mensageiro de Andraste”. Ambos passam por um momento de ressurreição durante suas histórias, a diferença é que o inquisitor “ressuscitaria” mais para o começo de sua história (logo depois da destruição de Haven)
Assim como Jesus, o inquisitor vai ganhando seguidores ao longo do jogo, assim como vai expandindo sua influência. Jesus possui 12 apóstolos e o inquisitor possui 12 pessoas no seu círculo pessoal. Outro ponto interessante é que vários apóstolos de Jesus tomaram cargos importantes na igreja após sua morte. No jogo, é sempre uma das pessoas do círculo pessoal do inquisitor que se torna Divine.
Iron Bull: Tiago, o Maior
Iron Bull é um qunari Ben-Hassarath, o que significa que ele é um espião que trabalha para os qunari. Apesar disso, Bull nunca engana ou mente para o inquisitor, ele abre o jogo de primeira e inclusive usa seus relatórios de espionagem para ajudar a inquisição. Bull é líder de um grupo de mercenários que são contratados pela inquisição. Dependendo do que o jogador escolher em sua missão pessoal, Bull pode ser expulso dos qunari e ser considerado Tal-Vashoth. Apesar dele odiar se tornar isso, ele parece muito mais feliz dessa forma do que quando continua qunari em troca de ter seu grupo de mercenários mortos, o que mostra que ele prefere ser visto como um traidor do seu país do que deixar seus amigos morrerem.
Há dois fatos pequenos que não consigo evitar em comparar. Primeiro é que esse Tiago é conhecido como “o maior” e… Bom, Bull não é exatamente pequeno. O segundo é que tanto apóstolos em geral quanto as pessoas do Qun tentam converter os outros.
Tiago sofreu perseguições em Jerusalém e, portanto, teve que fugir para outro lugar. Bull não teve que fugir necessariamente, mas também pode ser perseguido por qunaris caso vire Tal-Vashoth para salvar seus amigos, o que o faz não ser mais bem vindo no país de origem.
O apóstolo também é citado por aparecer miraculosamente em várias batalhas e derrotar vários inimigos, Bull não aparece miraculosamente em lugar nenhum, porém tem também uma boa reputação em combate. É interessante porque Tiago é o único que é mostrado como guerreiro ou que participou de uma batalha, ao mesmo tempo em que Bull é o guerreiro da inquisição que claramente é o que mais se diverte em combate.
Dorian Pavus: Tomé
Dorian é um mago de Tevinter, um país que não é amado por outras regiões do jogo. Ele pode aparecer de duas formas no jogo, ambas ele que vai até o inquisitor para passar informações. Ele se junta a inquisição e descobrimos que na verdade ele é um pária, fazendo tudo diferente do que seus pais esperam, o que é ainda mais complicado sendo de uma grande família nobre. Várias pessoas tinham expectativas para Dorian que este não cumpriu. Em sua missão pessoal, descobrimos o que foi a gota d’água para Dorian fugir: Ele é gay e seu pai queria usar um ritual de magia de sangue para mudar sua orientação sexual.
Quando li sobre Tomé, vi muito sobre como ele representa a “aceitação das fraquezas humanas”, precisar ver para crer, etc. Tomé com certeza passa por todo um processo de aceitação cheio de incertezas e, mesmo que indiretamente, consigo ver relação com o Dorian. Apesar de falar muito mal de Tevinter, Dorian ama seu país. Ele precisou ver do que as pessoas de seu próprio país eram capazes pra acreditar que as coisas precisavam mudar.
Tomé pergunta, questiona, quer provas e só acredita que Jesus ressuscitou se ver as marcas das chagas, o que me lembra muito o fato de Dorian pesquisar sobre as coisas, querer saber como elas funcionam. Quando o jogador acha lirium vermelho na missão dos magos, ele quer guardar para examinar depois. Quando descobrem que Corypheus é o vilão e que ele pode ter sido um mago de Tevinter no passado, Dorian pesquisa sobre para saber a verdade. A igreja diz que os darkspawn foram criados porque magos de Tevinter invadiram a cidade dourada, onde o Maker morava. Dorian não acreditava nisso e com Corypheus ele tem dúvidas e quer saber o que realmente aconteceu, voltando para o fato de Tomé ter suas próprias incertezas.
Depois que Jesus morre, Tomé vai evangelizar em outras regiões, e apesar de que Dorian nunca evangeliza ninguém (nem consigo ver isso acontecendo), dependendo das escolhas feitas, ele pode decidir voltar para seu país porque quer tentar mudar as coisas. Dorian diz que o inquisitor o inspirou a fazer isso, ver o personagem principal mudando as coisas o fez perceber que se ele quiser, ele pode fazer isso também.
Leliana: Filipe
Leliana apareceu pela primeira vez em DA:O como companion, tendo feito uma aparição em todos os jogos até agora. Ela mudou muito desde a primeira vez que a vimos, agora além de ser a mão esquerda da Divine, ela também comanda as forças da inquisição de espionagem e assassinato. Ela tem agentes por vários lugares que trazem informações para a inquisição e sabem segredos de muitas pessoas importantes. Após a morte da Divine, Leliana não é mais a mesma, Divine Justinia era uma grande amiga dela, fazendo o luto ser mais difícil. Assim como Vivienne e Cassandra, Leliana é a outra personagem que pode se tornar Divine no final do jogo.
Filipe e Bartolomeu são mostrados como amigos, enquanto Leliana e Cullen – respectivo ao Bartolomeu – trabalham juntos como conselheiros da inquisição, o que com certeza os aproximou.
Aparentemente Filipe nunca duvidou e sempre se mostrou muito devoto a Jesus, enquanto Leliana, apesar de ter passado por momentos de dúvida, sempre acaba ficando forte em sua fé. Em DA:O ela acredita que foi o Maker que a levou a encontrar o Warden, durante os acontecimentos de DA2 ela está trabalhando para a Divine, certa do que está fazendo. Em DA:I, porém, ela tem a fé abalada pela morte de Justinia, pra Leliana não faz sentido que ela tivesse que morrer, mas mesmo assim ela continua acreditando na inquisição, acreditando no inquisitor como herdeiro de Andraste e além de tudo, acreditando na religião dela.
Sera: Mateus
Sera é uma elfa que faz parte de um grupo chamado Friends of Red Jenny (Amigos da Jenny Vermelha), que são um grupo de pessoas pobres que se viram incomodando nobres, roubando dinheiro e se vingando em nome das “pessoas pequenas”, aqueles que vivem na rua, de classes baixas. Sera conta que aprendeu a usar o arco e flecha sozinha. Quando pequena, foi pega roubando e antes que algo pudesse acontecer com ela, uma senhora nobre a adotou. Sera acha que as “pessoas grandes”, nobres, heróis, pessoas que tomam decisões, constantemente esquecem dos que estão lá embaixo e isso a deixa furiosa.
Foi engraçado quando descobri que Mateus, o apóstolo que compartilha a posição dela, na verdade era um cobrador de impostos e aparentemente o único apóstolo que vem de um passado nobre, praticamente o oposto de Sera em relação ao resto dos personagens, já que ela é a única deles que não é ou de passado nobre ou possui um título grande (Solas até poderia cair nessa categoria antes de descobrirmos quem ele realmente é).
Tanto Mateus quanto Sera são vistos com maus olhos pela maioria. Quando Jesus aceitou Mateus entre seus doze apóstolos, ele foi criticado por aceitar um cobrador de impostos entre os seus. As pessoas ao redor do inquisitor também questionam e desaprovam não só da presença de Sera entre eles, mas também quando uma inquisitor decide ter romance com ela.
Josephine Montilyet: Judas Tadeu
Josephine é uma nobre de Antiva que se torna a diplomata da inquisição. Ela está sempre arrumando para que as coisas funcionem dentro da inquisição e fora dela, conhecida por ter como armas papel e caneta. Josephine é a herdeira das fortunas da sua família e precisa cuidar para que tudo dê certo, porémm durante sua missão pessoal, descobrimos que um contrato escrito há mais de cem anos força uma liga de assassinos a matá-la caso tente fazer sua família ter negócios com Orlais de novo. Apesar de ser a única pessoa dentre os 12 principais personagens que não luta, ela não é menos importante e também não é indefesa.
Por menor que seja a relação, tanto Tadeu quando Josephine são de famílias grandes e ambos possuem quatro irmãos.
São Judas Tadeu foi escolhido a dedo por Jesus para ser apóstolo, assim como Leliana também escolheu Josephine a dedo para a inquisição, ela já conhecia a diplomata e sabia que ela saberia fazer o trabalho.
Tadeu consegue evangelizar vários povos com seu discurso, o que indica que ele era bom em expressar suas ideias e atrair as pessoas com sua fala, assim como um diplomata teria que fazer. Josephine sempre busca resolver as coisas através da conversa, preferindo evitar ao máximo um confronto físico.
Além disso, Tadeu é sempre apontado por sua devoção a Jesus. Existe a opção de perguntarmos a Josephine onde sua lealdade fica, já que ela cuida também da família e é embaixadora de Antiva, mas ela assegura que a inquisição vem em primeiro lugar.
Blackwall: Simão
Blackwall é um Grey Warden, ele diz que não sumiu com os outros porque ficou para trás para recrutar novas pessoas para ordem. Blackwall se voluntaria para entrar na inquisição e sempre parece entusiasmado por fazer parte de algo que ajuda os outros. Porém em sua missão pessoal, descobrimos que na verdade Blackwall não é Blackwall, ele é um homem chamado Thom Rainier que ia ser recrutado como Grey Warden, mas o homem que iria recrutá-lo, que era o verdadeiro Blackwall, morre e portanto Thom tomou sua identidade. Ele fez isso porque no passado cometeu crimes horríveis e queria começar do zero e se redimir pelas coisas que fez.
Existem poucas informações sobre esse apóstolo. Muitos acreditam que ele era conhecido como ‘zelote’ por participar e ser muito ativo entre os zelotes. Mesmo que Blackwall não seja originalmente um Grey Warden, ele leva muito a sério o que a ordem diz e tenta viver de acordo com isso.
Já que não há quase nenhuma informação sobre Simão, posso aproveitar esse gancho para fazer outro paralelo: Da mesma forma que pouco sabemos sobre Simão, também descobrimos que pouco sabíamos sobre Blackwall. Assim como todas as informações sobre Simão foram perdidas com o tempo, tudo o que achávamos que sabíamos sobre Blackwall na verdade não era verdade. Li em vários lugares que Simão quase não é mencionado, o que me lembra Cullen dizendo, durante a missão de Blackwall, que Leliana quase não tinha buscado informações sobre ele e que só ficaram sabendo quem ele realmente era depois que Blackwall começa a agir estranho.
Conclusão
Aí você me pergunta: Você acha que os criadores de Dragon Age realmente fizeram essa imagem colocando cada personagem numa posição específica por esses motivos?
Sim e não.
Não porque, como vimos, muitos desses paralelos são distantes, além de não achar que eles realmente escreveriam todos os personagens baseados em apóstolos.
Porém, mesmo que não acho que todos os personagens são necessariamente relacionados, existem três motivos que me fazem acreditar que essa imagem foi feita propositalmente:
- A imagem lembra muito a santa ceia: Muitas pessoas relacionaram com o quadro, além de que o número de personagens é exatamente o mesmo.
- O inquisitor possui muitos paralelos com Jesus: Ele é o salvador, ele vem dos céus para ajudar, ele realiza coisas milagrosas que ninguém achava possível…
- Solas: Não pode ser a toa que justo o personagem que de certa forma foi responsável pelo caos todo, e que possui uma revelação grande no fim do jogo, esteja justo no lugar de Judas, além de vários paralelos entre os dois, isso eu não compro como coincidência nunca.
Enfim, espero que tenha sido uma análise divertida de ler. Não sou católica, então a grande maioria das informações foram pesquisas dos últimos dias junto com um vício enorme em Dragon Age e uma paixão em encontrar simbolismos nos jogos.