Episódio do dia 31/05: Hardhome
Em geral: Uma pena que não podemos falar que esse é o primeiro episódio e refazer o resto da temporada. Hardhome prova que, quando os produtores querem, eles podem fazer um episódio muito bom sem usar nudez ou estupro para chocar a audiência. Cenas empolgantes, com um porém aqui e ali, mas que infelizmente não apaga os erros que aconteceram no resto da temporada. Nos minutos finais do segundo tempo, Game of Thrones finalmente apresenta um episódio que empolga os fãs.
Abaixo análise com spoilers
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Daenerys e Tyrion
Como imaginado, um dos spoilers dessa temporada foi o encontro de Tyrion e Daenerys, um dos momentos mais esperados da série. No livro, por alguns motivos, o encontro não acontece e parece que não acontecerá tão cedo, mas a série correu nessa parte. A princípio parecia uma aceleração exagerada, porém as cenas valeram a pena. Peter Dinklage tem um de seus melhores momentos na temporada. Em parte, parecia improvável que Daenerys começasse a confiar em Tyrion tão cedo assim, uma cena dela prendendo-o talvez caísse melhor, mas a segunda conversa entre os dois é um dos melhores diálogos do episódio (e da temporada), então talvez tenha valido a pena.
Tyrion, mais uma vez, usa seu dom de convencer as pessoas pela fala e tem sucesso, na segunda conversa já parece que Daenerys não o vê tanto como inimigo. Mais uma vez a questão do idealismo e realidade se chocam. No caso, Daenerys com sua visão utópica de que não precisa da “roda”, enquanto Tyrion diz que para governar Westeros é preciso dos nobres. É a segunda vez que vemos nessa temporada algum personagem fazer menção ao poder que o povo tem, pode ser que seja só pra mostrar o lado não preparado de Daenerys, mas também pode ser algum tipo de dica sobre o futuro.
Tanto no livro quanto na série, existem certos personagens que aparecem em determinados momentos para guiar Daenerys para um lado “oposto” ao que ela estava caminhando. No livro, Quaithe (a mulher mascarada da segunda temporada) aparece em um “sonho” para Daenerys e recita seu discurso “para ir para frente, é necessário ir para trás”. No livro, ela está muito mais empenhada em ficar em Essos e esse é o começo da reviravolta em seu arco, em que ela começa a “olhar para trás”, mesmo que diga a si mesma durante vários capítulos que “se eu olhar para trás, estou perdida”. Entende-se que Daenerys deve largar seu lado mais “político” de Meereen e voltar para o Fire and Blood de uma verdadeira Targaryen. Na série, parece o contrário. Daenerys mostrou nesse episódio que está interessada em voltar, mas Tyrion diz que talvez fosse melhor se ela resolvesse ficar em Essos.
Enquanto isso Jorah continua tentando voltar para perto de Daenerys, o que parece ser um pouco de enrolação no arco dele, mas já que vários personagens ao redor dela do livro foram cortados, Jorah provavelmente precisa ficar por perto para poder substituir algum deles.
Cersei está com problemas
Vemos Cersei em três cenas diferentes nesse episódio, provavelmente para indicar uma certa passagem de tempo. Em todas elas, a rainha está completamente diferente do que normalmente a vemos. Cersei está frágil, com fome e sede, mas mantém seu orgulho de leoa e não confessa. Apesar da atuação de Lena ter sido muito boa, não é suficiente para preencher o buraco do roteiro em não dar simpatia para a sua personagem.
Qyburn finalmente aparece e vai informando Cersei do que está acontecendo, Kevan Lannister já começa a se mexer e vai fazendo alterações que Cersei não pode impedir. Tommem continua deprimido por ter perdido tanto a esposa quanto a mãe e Cersei mostra sua preocupação. Ela está sozinha, Kevan e Tommem não vão vê-la, Jaime não responde e apenas Qyburn, de seus aliados, continua lá. Cersei se isolou tanto no poder com sua paranoia de que seria traída (que não é tão errada) que esse momento do arco apenas mostra que o resultado é a solidão. Qyburn diz que seu trabalho continua, mas não revela muito, porém sua visita resulta em outro diálogo bem interessante. “A fé é a morte da razão” indica muito da postura de Qyburn.
Mesmo que esse seja um arco do livro e que é importante para o desenvolvimento de personagem da Cersei, ainda é incômodo, depois de tantos erros, ver mais uma mulher humilhada. Pessoalmente, o próprio arco no livro já me desagradou porque Cersei estava pagando por coisas que nenhum homem não precisaria pagar. Na série, Loras foi preso e, mesmo se ignorarmos a problemática homofóbica, não o vimos preso, são as mulheres que aparecem humilhadas.
Arya
O arco da Arya, que é o mais fiel até agora, passa por algumas alterações. Não sabemos ainda exatamente como toda essa questão do Deus de Várias Faces funciona, mas não lembro de ele chegar a interferir na vida das pessoas que Arya observa (mas faz tempo que li o livro). De qualquer forma, acredito que isso só tenha acontecido mesmo pra dar mais mobilidade e mais sentido para as ações de Arya.
O importante que é “ser invisível para ver tudo” foi mostrado bem, com uma montagem que encaixa na narração. É um amadurecimento de Arya, ela começa a entender, observar e manter o controle. É um arco mais parado, então a princípio não há problemas em algumas mudanças, mas vamos ver o que vai acontecer.
Sansa e Theon
Apesar desse episódio não conseguir apagar o que vem acontecendo com Sansa, a cena entre Sansa e Theon foi boa, ela mostra de novo o lado “dark Sansa” dizendo que foi bem feito o que aconteceu com ele nas mãos de Ramsay. No meio de uma briga e de uma Sansa que não deixa as coisas passarem, Theon confessa que não matou Bran e Rickon.
Sansa nunca fica sabendo disso nos livros, talvez esse tenha sido um dos motivos para levar Sansa para esse arco, construir algo a partir dessa informação. Foi um momento interessante se comparado a todas as outras cenas dela nessa temporada. Infelizmente, mesmo se esse era o foco da ideia original, o arco foi mal construído durante toda a temporada (e todas as outras problemáticas mencionadas nas outras análises).
Enquanto isso, Ramsay lembra mais uma vez o quão malvado é (e sem cena de violência! Tá vendo HBO, dá pra fazer as coisas sem mostrar literalmente) ao dizer que com 20 bons homens, pode fazer um estrago em Stannis. É bem possível que a guerra chegue em Stannis mais rápido do que ele chega no Norte, o que também pode ser um tipo de spoiler, já que nos livros nós também nunca vemos como essa batalha acontece.
O inverno está chegando…
Antes da batalha vemos uma conversa entre Sam e Olly. Cada vez fica mais claro que Olly terá algum papel maior, talvez ainda no final dessa temporada ou na próxima, mostrando mais uma vez como está infeliz com a decisão de Jon. Sam explica os motivos do comandante e ainda diz “Ele sempre volta”.
Agora sim: O ponto alto do episódio. Jon vai para Durolar e encontra os selvagens. A princípio o clima está tenso, mas os selvagens deixam Jon falar. A reunião parece terminar relativamente bem, ainda tem uma parte dos selvagens que não quer ir para a Muralha, mas Tormund garante que logo eles vão mudar de ideia.
O problema é que esse logo não chega. Em alguns minutos, vemos uma névoa chegando. Nós não sabemos exatamente o que é, mas os selvagens sabem e, sacrificando boa parte de seu povo, fecham os portões. De alguma forma, aquela névoa transforma todas as pessoas do outro lado do portão em White Walkers.
A batalha é incrível, bem coreografada, boa fotografia, boa edição… Tudo funciona com a dose de emoção certa para fazer a audiência temer pela vida dos personagens. As cenas com Jon eram de tirar o fôlego, ainda bem que descobrimos que aço valiriano também é uma boa arma contra esses inimigos.
No final do episódio, Jon consegue fugir e vê o Rei dos White Walkers. Ele não diz nada, mas sua postura e sua aparência já dizem tudo. Com um gesto, ele levanta todos os mortos. Em um segundo, seu exército ficou ainda maior.
Antes de me focar mais no que isso significa, vou apontar um certo desgosto que tive com a selvagem mulher que colocaram nesse episódio. Ela parecia ter certa posição de poder, era mãe, lutava bem… Morre. Sabemos que Game of Thrones não poupa ninguém e eles também provavelmente não queriam colocar mais um personagem importante naquele núcleo (pela quantidade que já tem), mas né, mais do mesmo e com o histórico que temos, essas coisas cansam.
Essa cena é muito importante porque, apesar de sempre sermos lembrados que “O inverno está chegando”, nós vimos muito pouco do que esse inverno é. Até agora as maiores preocupações eram: Quem vai ficar no trono de Westeros? A Daenerys vai voltar pra casa? O Tyrion vai sobreviver? Essas e outras perguntas parecem muito pequenas se olharmos para a ameaça apresentada nesse episódio.
O Rei da Noite não aparece propriamente no livro, mas é dito que muitos anos atrás, ele foi o 13° comandante da Patrulha da Noite e foi derrubado por praticar “atos terríveis”. Além disso, já é a terceira vez que é insinuado o assunto de pessoas voltarem da morte (Thoros de Myr, Melisandre, Rei da Noite) e isso pode ser um sinal para algum futuro acontecimento.
Todos nós sabíamos, mas, tanto para nós quanto para os personagens, o inverno é uma lenda, temida até certo ponto, mas só temos noção quando realmente vemos. Isso indica que, provavelmente, nas próximas temporadas e livros, a disputa interna pelo trono de ferro vai se acalmar um pouco (considerando o destino de todos os candidatos até agora) e vamos caminhar para a real ameaça.
Nós não podemos nos esquecer que…
Fiquei particularmente muito feliz com esse episódio, me fez lembrar os motivos pelos quais eu comecei a me interessar por Game of Thrones. Mesmo assim, não podemos simplesmente esquecer e apagar as besteiras que eles já fizeram. Foram no meio de episódios incríveis que vimos os estupros de Daenerys e Cersei. Não é um episódio bom que vai fazer com que tudo seja esquecido e perdoado.
Ainda há, como apontado, algumas falhas, e mesmo com esses acertos, as falhas não vão desaparecer. Talvez a série tenha melhorado numa questão de roteiro, mas ainda não tivemos provas de que o tratamento das mulheres vai melhorar tão cedo.
Porém, esse episódio é a maior prova de que os produtores podem fazer um episódio muito bom sem nudez gratuita e estupros. E mais: Podem fazer um episódio muito bom com a maioria dos arcos diferentes dos originais. É aí que voltamos para a questão de que o problema não é a mudança em si, e sim como e o porquê ela é feita. A equipe de Game of Thrones é muito boa e pode fazer muito melhor do que fizeram na maioria dessa temporada.
Não é um episódio bom que vai apagar todo um histórico de erros.
Teorias sobre o futuro?
Geralmente essa é a parte da análise que falo sobre o que espero do próximo episódio, mas dessa vez resolvi mudar. Vou mais longe e tentar prever como vai ser o final da temporada. Isso tudo é baseado não só na série, mas nos acontecimentos dos livros, então:
SPOILERS DOS LIVROS!
Primeiramente, acredito que o próximo episódio vai começar a fechar os conflitos originais de cada personagem: Ter controle e liderar. Jon vai encarar seus soldados na muralha, Daenerys vai para a arena, Cersei provavelmente vai continuar sofrendo na cadeia… Os que vão ser mais diferentes são os núcleos Dorne, Arya e Sansa.
Acredito que a maioria dos personagens vai terminar mais ou menos como terminaram nos livros (Daenerys com Drogon, Cersei humilhada, Arya cega, Tyrion perdido em Meereen, dúvidas sobre Stannis…). Sansa e Theon seriam os mais diferentes. No caso deles, acho que haverá uma união de forças contra Ramsay e que pode incluir um destino ruim para Brienne e Podrick.
De qualquer forma, a grande questão é Jon. Dá a entender que ele morre no final do quinto livro. A maioria dos leitores assumiu que Melisandre faria algum tipo de ritual que faria a alma de Jon migrar para Fantasma (que a série já trouxe de volta). Carice Van Houten já afirmou que ainda tem uma cena grande com Jon nessa temporada
Assim como a série soltou pistas sobre os pais de Jon, acredito que com esse episódio tenha soltado pistas do que vai acontecer com ele: Sam diz “ele sempre volta”, o que pode indicar que dessa vez ele não volte ou que sim, ele volta, mas nem sempre da forma que queremos. Jon provavelmente vai morrer, e pelo jeito que a coisa anda, numa revolta da Patrulha da Noite e pelas mãos de Olly. Sam vai fugir com Gilly e Jon vai voltar de alguma forma.
Existem duas opções aqui: O Rei da Noite pode transformá-lo em um White Walker, como já vimos nesse episódio, ou Melisandre vai fazer o que os leitores estão apostando. Pelo andamento da série, acho que seria uma junção dos dois: Jon pode voltar como um White Walker, mas Melisandre o faz ser mais que um zumbi.
Talvez não seja nada disso, de qualquer forma só faltam dois episódios.
Esqueceu-se de Bran….Talvez seja ele á ressucitar o Jon e apenas na próxima temporada.
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