The Wicked + The Divine é um quadrinho da editora Image escrito por Kieron Gillen e ilustrada por Jamie McKelvie. A HQ começou a ser lançada em junho de 2014 e a cada mês temos um capítulo novo.
A história é a seguinte: A cada 90 anos, 12 deuses reencarnam como seres humanos para serem amados, odiados e mudar a vida das pessoas. Depois de dois anos, eles morrem e o ciclo continua. A grande sacada aqui é que esses deuses reencarnam como estrelas da música e não escondem de ninguém o que são, só que uns acreditam e outros não.
Por enquanto só saíram 13 capítulos (12 traduzidos pro português), mas como eu gostei muito e quero que mais pessoas conheçam, resolvi fazer essa lista pra deixar todo mundo com vontade de ler esse quadrinho. Podem ficar tranquilos, não tem spoilers!
- Originalidade

“Mais uma vez, nós retornamos”
Sinto que ultimamente as pessoas estão mais empolgadas para as continuações de algo que já existe do que por histórias novas. Na E3 desse ano, por exemplo, por melhor que tenha sido, os jogos que mais deram o que falar eram continuações de franquias que já existiam. As produtoras de filmes fazem um remake após o outro e reutilizam personagens que já conhecemos. Não que isso não seja divertido, mas sinto falta de algo novo.
Às vezes temos algo novo, mas que parece mais do mesmo, então é muito bom ler um quadrinho como The Wicked + The Divine, que é uma novidade que realmente tem cara de novo! Lemos a sinopse e pensamos “Que raios de história é essa?”. Deuses que reencarnam e viram popstars? Não é incomum vermos a religião e mitologia serem usados em histórias desse tipo, mas não dessa forma. Os deuses aqui são jogados no nosso mundo atual e como celebridades, suas ações afetam as pessoas ao seu redor e influenciam a cabeça dos fãs.
A originalidade não está só no contexto geral da história, mas também em como Kieron cria esse mundo e guia os personagens, cada um em seu próprio arco. Não posso me estender muito para não dar spoilers, mas leia que você vai entender.
- A história vai explodir sua cabeça

“Eles vão ouvir, eles vão entender”
Esse é aquele tipo de história que o escritor não se preocupa muito em situar quem está lendo, Kieron simplesmente joga o leitor no universo e deixa as coisas rolarem. Quando isso é mal feito, ficamos perdidos e não entendemos nada, mas aqui Kieron constrói a narrativa de forma que mesmo não entendendo tudo, nós nos deixamos levar por essa história cheia de reviravoltas e vamos entendendo como as coisas funcionam aos poucos.
O ritmo pode parecer até apressado em alguns momentos, mas todo o contexto é frenético, então não poderia ser de outro jeito. O que ajuda o ritmo também é que parece que cada capítulo novo tem um acontecimento surpreendente que te deixa querendo que o mês passe logo. Vemos novos elementos enquanto os antigos não são esquecidos e deixados de lado.
A HQ provoca o leitor com a ideia de que ser imortal não significa que você vai viver pra sempre. Quantos casos existem de famosos morrendo cedo? Amy Winehouse e Kurt Cobain morreram com 27 anos, mas o trabalho deles e suas influências nas vidas de várias pessoas existem até hoje e vai continuar existindo… Pra sempre? A imortalidade e os impactos de grandes ícones na vida das pessoas são temas importantes em The Wicked + The Divine.
Mais um detalhe: Boa parte dos deuses (se não todos) são inspirados em artistas que conhecemos. Luci é uma representação de David Bowie na era Thin White Duke, Inanna é Prince sem nenhuma dúvida, Baal é o Kanye West do panteão e Sakhmet é a cara da Rihanna.
- Personagens
O que falar desses personagens que mal conheço e já amo tanto? Em poucos capítulos você já se importa com boa partes deles, pode pontuar pontos positivos e negativos que faz com que todos sejam mais complexos e humanos. Laura é uma fã do panteão, ela é determinada e não desiste fácil, mas ao mesmo tempo é teimosa. Luci é cativante e esperta, porém pode ser malvada e convencida quando quer. Cassandra é uma jornalista inteligente e esforçada, mas mal humorada e cabeça dura…
Entendemos aqueles personagens, nos conectamos com eles, seja pelas qualidades ou pelas falhas. Ficamos curiosos, queremos saber mais sobre a história de cada deus, sobre os personagens que ainda não apareceram, etc. Eles são todos diferentes e únicos, possuem sempre algumas características que os destaca dos outros e todos parecem ter seu papel ali. A HQ está no começo, pode ser que isso mude, mas pelo jeito que a história tem sido levada, acho difícil que isso aconteça.
- Diversidade

“A estranha no espelho olha de volta. Eu queria ser ela. Ela parece uma deusa”
Essa é uma das coisas mais exigidas na ficção atualmente, então pode ficar tranquilo que isso The Wicked + The Divine faz muito bem. As mulheres são incríveis, fortes e diferentes entre si. Temos Luci, que é independente e arrogante, Amaterasu, mais calma e quieta, Cassandra, sempre persistindo no que acredita, Ananke, a figura maternal e ao mesmo tempo misteriosa… Nenhuma delas cai no estereótipo ou está ali apenas para ser par romântico.
Também há um grande número de personagens negros: Laura, Inanna, Baal, Sakhmet… Nenhum deles está ali para ser coadjuvante de personagem branco. Inclusive a principal, Laura, é uma mulher negra que provavelmente também não é hétero. Sim, tem representatividade LGBT+ também, apesar de nenhum deles ter dito nada sobre suas próprias sexualidades, Laura se sente atraída tanto por Luci quanto por Baal, inclusive esse último já se relacionou com o deus Inanna. E não é só sexualidade, Cassandra é uma mulher trans e Kieron também já confirmou que Inanna é não binário.
Além de tudo isso temos bastante diversidade na própria escolha de deuses representados. Eu mesma tive a ideia errada de que veríamos apenas deuses da mitologia grega ou no máximo nórdica. A primeira deusa a ser revelada é Luci, que como o próprio nome indica, significa Lúcifer. Eu sei o que você está pensando, Lúcifer não era deus, mas depois de ler alguns capítulos, essa escolha fez todo o sentido. Amaterasu é uma deusa xintoísta, Inanna vem da religião Suméria, Sakhmet (ou Sekhmet) é uma deusa egípcia…
- A arte é linda
Não tenho muito o que falar aqui, é só olhar a imagem. Eu não entendo de desenho, mas fiquei bem impressionada com as capas dos capítulos, tanto os traços quanto as cores… É interessante ver como Amaterasu, que é uma pessoa mais tranquila, usa uma maquiagem com cores gritantes enquanto Baphomet está normalmente com cores escuras. Também temos Luci que usa um terno branco e quase tem uma aparência angelical.
Ficou interessado? Então corre porque a HQ é sensacional!
eu terminei a hq e gostei muito.. mas n to gostando dessas novas edições pq mudaram o artista
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