A franquia Guardiões da Galáxia começou sem muitas pessoas acharem que realmente os filmes iam para frente. Os heróis não eram muito conhecidos, mesmo sendo da Marvel, e nós achamos que não seria nada demais. Mas a Marvel já provou que pode dar destaque para seus super-heróis no cinema. Guardiões da Galáxia é um exemplo de que, quando o filme é bem feito, os protagonistas não precisam fazer parte da tríade dos quadrinhos para atrair público.
Guardiões da Galáxia foi uma surpresa, mas agora já existia expectativa para o Volume 2. Nós confiávamos em James Gunn e queríamos ver um filme bom e divertido, então foi ótimo ir ao cinema e ver que essa segunda parte não decepcionou.
Depois dos eventos do primeiro filme, os guardiões da galáxia, agora como um grupo, estão caçando uma fera em troca de dinheiro, mas as coisas dão muito errado quando Rocket (Bradley Cooper) acha que é uma boa ideia roubar baterias da raça para quem estavam trabalhando. Os guardiões precisam fugir e são salvos por ninguém menos que Ego (Kurt Russell), o pai de Peter (Chris Pratt).
Essa crítica não tem spoilers do filme.
Li pessoas no twitter dizendo que Guardiões da Galáxia Vol. 2 era uma viagem muito louca de drogas no espaço, e em parte é verdade. As cores, os efeitos e as músicas são muito evidentes e usadas em boa parte do filme. Em alguns momentos é quase brega, e apesar de pessoalmente não ser a maior fã disso, Guardiões da Galáxia assume essas características como identidade do filme, sabendo também quando deixar isso um pouco de lado para dar espaço aos momentos mais emocionantes.
O filme é bem engraçado. Tem bastante ação e momentos emocionantes, mas há muita piada também, coisa que a Marvel tenta colocar bastante nos seus filmes de super-herói. Eu não sou muito fã, e até acho que tem alguns momentos, principalmente no terceiro ato do filme, que esse humor podia ter sido deixado um pouco de lado. Mas mesmo assim, eu acredito que os personagens fariam aquelas piadas. Não só o filme usa esse humor como marca registrada da franquia, mas isso não vem de personagens que nunca fariam comentários engraçados nesses momentos.
Apesar do filme ser bem dinâmico, é bem óbvio os momentos em que a narrativa precisa desacelerar para o “senta que lá vem história”. Não são momentos chatos, já que o público quer saber o que o filme vai falar, mas não deixa de ser uma pausa no ritmo para exposição. Há alguns pontos que são um pouco difíceis de acreditar, mas nenhum deles realmente afeta o andar da história e nem tira a diversão do filme.
A história não tem momentos muito inovadores, mas isso pouco importa. Por mais que dê para adivinhar uma coisa ou outra que vai acontecer, o roteiro foi bem construído e resolve os pontos principais que apresentou ao longo do filme. Nós temos cenas o suficiente para entender o que está acontecendo sem esquecer as coisas mais importantes. E as lutas são muito divertidas. Um pouco bregas e exageradas em certos momento? Sim, mas faz parte do que é a franquia.
Se no primeiro filme nós tínhamos espaço para apresentar todos os guardiões, esse se foca um pouco mais em Peter, já que vai falar da família dele e do encontro com seu pai. Mas mesmo assim o filme não esquece que há outros personagens no grupo. Talvez o Drax (Dave Bautista) fique um pouco de lado, mas até Rocket, que no começo parece que vai ter um desenvolvimento mais apagado, tem espaço para crescer.
Os personagens, e principalmente a relação entre eles, para mim é o ponto alto de Guardiões da Galáxia Vol. 2. Por mais que às vezes os filmes de super-herói forcem um pouco no humor, nós acreditamos naquelas piadas que os personagens fazem. É burrice Rocket e Peter brigarem enquanto fogem de várias naves inimigas, tanto é que Gamora (Zoe Saldana) expressa isso, mas eu acredito que os dois de fato agiriam dessa forma. Porque, bem no fundo, os guardiões da galáxia são um grupo de pessoas que, por mais que sejam muito habilidosas, não sabem muito bem o que estão fazendo. Pensa em você e no seu grupo de amigos tendo que salvar a galáxia, eu tenho certeza que ia ter pelo menos uma pessoa que faria várias piadas durante o processo todo.
Os guardiões não são super-heróis que parecem deuses, como a tríade da DC, e nem são presença de peso na Terra, ricos e muito conhecidos, como Os Vingadores. Eles são amigos, uma família, que se coloca nessas situações esquisitas e precisa se virar. Eu consigo me identificar muito mais com eles do que com qualquer grupo de super-heróis no cinema hoje. Por mais que só o Peter não seja alienígena, todos são muito humanos, com características boas e defeitos, que brigam entre si, fazem decisões estúpidas, mas no final sempre se ajudam. E todos eles se complementam, tanto durante a batalha, mas também na questão da personalidade. É fácil identificar cada um deles e imaginar como é um dia na nave dos guardiões.
Além do desenvolvimento de Peter, outro destaque é a relação de Gamora com sua irmã, Nebula (Karen Gillan). As duas personagens são muito interessantes e a relação delas também. Gamora sempre parece ser o centro da razão no grupo, mas é por esse ponto em sua história que você vê outro lado da personagem. Aliás, as personagens mulheres do filme são muito interessantes, mesmo Mantis, que tem menos espaço que as outras. O ponto negativo dessa parte é uma certa sexualização das personagens mulheres “de fundo”, há uma cena em um bordel que poderia ter sido em qualquer outro lugar.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme muito divertido, muito bem feito e que brilha ainda mais com seus personagens e a forma como eles se relacionam. Há alguns momentos em que o filme exagera, mas com certeza vale assistir e é mais um acerto para a Marvel no cinema.
E sim, há cinco cenas pós créditos, então não sai correndo do cinema.