Finalmente voltamos para Westeros! O inverno chegou! Estamos desde a primeira temporada esperando isso acontecer. Eu sempre interpretei o “inverno chegar” de uma forma mais metafórica do que apenas um período frio. Não que as coisas não estejam congelando, mas o lema “O inverno está chegando” sempre me pareceu muito mais um aviso de tempos de guerra e morte.
Assim como todo o começo de temporada, Dragonstone está preparando o tabuleiro para uma nova partida. Com um ritmo calmo, que não se apressa para mostrar cada personagem, vemos todos tomando suas posições para as próximas batalhas, que tem tudo para serem maiores do que nunca. Eu fico um pouco preocupada, faltam poucos episódios para o fim da série, então é bom que o passo acelere nos próximos episódios, mais do que em outras temporadas, se não muitas pontas ficarão soltas.
Fazia algum tempo que eu não via um começo de temporada em Game of Thrones que me deixasse muito ansiosa para a próxima semana. Dragonstone faz exatamente isso, começando a construir a tensão e tendo sua parcela de momentos marcantes para começar bem a temporada. O episódio foi bem bom, uma cena ou outra ficaram mais paradas, mas trouxe coisas que os fãs queriam ver junto com o que precisava para começar.
Como sempre, essa análise terá spoilers do episódio.
Eu ainda estou impressionada com a cena de abertura da temporada! Na hora que aquele “anteriormente em Game of Thrones” terminou e cortaram para os Frey, eu já pensei “não é o Walder, é a Arya”. Agora nada vai impedí-la, ela é uma assassina treinada, que sabe trocar rostos e ninguém nem espera que Arya Stark esteja viva. O arco da personagem é muito cruel, ela era uma menina que foi jogada num mundo completamente violento. Arya abraçou isso, começou a sua vingança lá atrás e agora pretende matar todos aqueles que estavam na sua lista.
Foi um jeito bem empolgante de começar. Ver uma cena de inúmeras pessoas morrendo nunca é bonito, mas aqueles são os Frey, a família que, de forma muito covarde, matou Robb e seus homens, são aqueles que fizeram todas as atrocidades que Arya listou. Não dá para negar que todos estavam torcendo por isso. É um alívio ver que o Norte de fato se lembra, também é bom que a série não gastou muito tempo com essa vingança, considerando que aparentemente Arya ainda tem uma longa viagem pela frente.
E já que estamos falando dela, vamos pular para a próxima cena em que Arya aparece. Enquanto está viajando, ela encontra um grupo de rapazes servindo os Lannister, incluindo Ed Sheeran. Essa cena não parece fazer muito pelo episódio a princípio, e por um momento eu me perguntei se ela precisava mesmo estar ali. Além desse momento nos indicar os próximos passos de Arya, que pretende matar Cersei antes de ter um encontro em família, nós também vemos uma humanização dos soldados. Game of Thrones sempre foi um jogo dos nobres, mas enquanto eles lutam e se matam, um país inteiro sofre. Arya quer se vingar de todos os Lannister, mas há muitos ali, como Ed Sheeran e sua turma, que não tem outra escolha, que não tem culpa no jogo maior.
Muita coisa está acontecendo no Norte também. Bran finalmente chega na Muralha e não, ela não caiu, mas eu realmente espero que os produtores não tenham esquecido toda a história de “ser tocado pelos White Walkers“. Talvez Bran seja um dos fatores que fará a Muralha cair no futuro, mesmo que indiretamente? De qualquer forma, ele finalmente alcançou o seu objetivo e os homens da Patrulha da Noite terão muito com o que se preocupar, porque os zumbis de gelo estão chegando e três são gigantes.
Em Winterfell, Jon tenta comandar os homens do Norte e, ao que tudo indica, está fazendo um bom trabalho, pelo menos por enquanto. Primeiro, Jon ordena que todas as pessoas capazes de empunhar uma espada, independente do gênero, devem lutar. Isso nos rende mais um momento bem legal vindo de Lady Mormont, dizendo que ela não vai deixar outros homens lutarem por ela. Depois, Jon decide que as famílias que traíram os Stark não vão perder suas casas, devendo se ajoelhar novamente. Sansa discorda abertamente dele, dizendo que não devem ser perdoados e, por mais que outros nobres concordem com Sansa, Jon faz o que bem entende.
Assim como ela pontua bem na série, Jon deveria sim ouvir Sansa, mas talvez ele só descubra isso mais tarde. É sempre importante lembrar que foi graças a ela que Jon venceu Ramsay. Foi ela que pediu ajuda para Mindinho trazer os cavaleiros do Vale. Inclusive, eu queria muito que naquele momento em que Sansa fala que Mindinho venceu a guerra, Brienne tivesse dito que na verdade foi a própria Sansa que venceu, mas tudo bem. De qualquer forma, há uma tensão entre os irmãos. Jon é mais misericordioso, ele não acha que os filhos devam sofrer pelos erros dos pais. Honestamente? Eu concordo com Jon, mas eu não sou uma jogadora no jogo dos tronos, Sansa é, e como ela bem diz (obrigada por essa cena), ela aprendeu muito com Cersei, que mesmo tomando decisões estúpidas às vezes, tem muita experiência com o jogo. Essa é a grande força que Sansa tem e as pessoas ao seu redor (e muitos fãs) insistem em esquecer.
Mesmo que eu não concorde com Sansa quanto ao julgamento, ela tem toda a razão quando diz que Ned e Robb caíram por erros estúpidos. Na busca cega por honra, os dois caíram e Jon segue um caminho muito similar. Não acho que Jon vai seguir os passos do pai, Robb já foi o filho que fez isso e repetir esse arco não seria muito interessante, então Jon provavelmente vai aprender a ouvir Sansa. Enquanto isso, ela vai ter que dar um jeito de contornar as intenções de Mindinho, que parece não estar com pressa para deixar o Norte.
Em Porto Real, as coisas estão cada vez piores. Como vimos em uma das cenas do trailer, os Lannister estão cercados por inimigos. Na sua busca por poder, Cersei se isolou em Porto Real e as chances deles serem derrubados são muito altas. Se antes os Lannister eram oponentes muito fortes, agora, como Jaime bem pontua, eles parecem estar no lado que vai perder. Eu particularmente acredito que o Norte e as forças de Daenerys são os mais poderosos no jogo agora. É improvável que Cersei consiga criar alianças com os Tyrell ou Dorne, então ela chama Euron Greyjoy para fazer um acordo, por mais que Jaime esteja odiando a ideia.
Nos livros, Euron vai atrás de Daenerys para tentar fazê-la sua rainha e tomar seus dragões. Talvez isso ainda aconteça. Euron diz que, para conseguir a mão de Cersei, vai trazer um presente. Ele pode sim estar indo atrás dos dragões de Daenerys, ou talvez ele traga a cabeça de algum dos inimigos de Cersei. Se ele de fato for na direção de Daenerys, ele pode trazer Tyrion para Porto Real, o que daria uma chance para toda a profecia do valonqar acontecer, apesar de que eu não acredito que ele vai completar a profecia.
Jaime e Cersei estão mais diferentes do que nunca. Se antes eles eram dois nobres que só pensavam em si mesmos e em pouquíssimos entes queridos, agora eles estão em caminhos completamente diferentes. Enquanto Cersei está afundando na própria dor, Jaime começou um arco de redenção lá atrás, quando perdeu a mão, e evoluiu muito como personagem. Mesmo assim, eles continuam juntos, mas não sem conflitos. Jaime acredita que eles não têm nenhuma chance enquanto Cersei quer continuar lutando. Quando Euron aparece, ele diz para a rainha que a sensação de matar um irmão é ótima.
Eu não acho que Cersei vá matar Jaime, mas ele é um ótimo candidato para ser o valonqar. Caso você não se lembre, Cersei ouviu uma profecia quando era criança em que descobria que o valonqar (irmão mais novo) a mataria depois que ela perdesse tudo. Cersei sempre achou que fosse Tyrion, mas como nada é o que parece em Game of Thrones, é bem possível que seja Jaime. Até porque Cersei está cada vez mais parecida com o Rei Louco, aquele mesmo que foi morto por Jaime. Isso seria muito mais difícil para ele, mas se Cersei tiver afundado tanto a ponto de querer destruir a cidade (antes de alguém tomá-la, como Daenerys, por exemplo), será que ele não faria de novo?
Sam não está se divertindo na Cidadela. Com uma rotina ruim, ele ainda não parece ter feito muito avanço na pesquisa sobre vidro de dragão e como matar os White Walkers. Em dado momento, vemos Sam ser abordado por Jorah, que parece estar muito pior com sua doença. É bem improvável que Jorah passe dessa temporada, a menos que alguém consiga fazer com ele o mesmo que fizeram com Shireen. Sam também tenta convencer um dos meistres de que precisa das informações restritas, mas o meistre insiste que o mundo não vai acabar agora, afinal de contas, eles sobreviveram todas as últimas desgraças, não? A Muralha sempre esteve de pé, mas nunca antes alguém tocado por um dos White Walker a atravessou, como Bran fez nesse episódio. Sam manda as regras para o inferno e vai atrás da informação mesmo assim.
Assim como Jaime, Sandor Clegane também está em um momento de redenção e remorso por tudo que fez. Junto com Beric Dondarrion e Thoros de Myr, eles têm um momento filosófico sobre o Senhor da Luz, que termina com Sandor de fato vendo algo nas chamas. Claro que poderia não ser nada, mas dificilmente as coisas mágicas em Game of Thrones são sem sentido, então é quase uma confirmação de que talvez a Muralha não deixe Westeros tão segura quanto nós imaginamos.
Para terminar o episódio, o momento que todos nós esperávamos desde a primeira temporada: Daenerys finalmente chega em Westeros! Eu fiquei muito animada, depois de inúmeros episódios e páginas, eu mal podia esperar por esse momento. O exército de Daenerys é impressionante, ela vai dar um baita trabalho para qualquer um que cruze seu caminho, ao menos no campo de batalha. Porém, politicamente falando, ela tem Tyrion ao seu lado, então ela também tem força nesse ponto. Pedra do Dragão está vazia e Daenerys termina o episódio perguntando se eles podem começar. Sim, rainha dragão, pode sim!
É muito provável que Jon e Daenerys se encontrem e façam algum tipo de aliança, talvez com a ajuda de Bran, para comprovar que Jon de fato é um Targaryen. Tyrion também conhece Jon e não tem nada contra ele, então é possível que um primeiro encontro ocorra de forma pacífica. Mas eu acredito ainda mais nisso porque, no começo das cenas do Norte, vemos Jon falando que eles precisam achar todo o tipo de vidro de dragão, e Daenerys está no lugar conhecido por ter muito disso. Até onde sabemos, Jon não tem nenhuma intenção de sentar no Trono de Ferro, ele só quer manter o Norte em segurança, então talvez eles encontrem pontos em comum, a menos que Daenerys não esteja disposta a negociar nada.
Para os próximos episódios, eu espero que o teletransporte de Westeros funcione, porque com o tempo que resta, não dá para demorar muito deixando o passo lento. Estamos na reta final, então já está na hora dos personagens se encontrarem mais, aqueles momentos que esperamos desde o começo. E já que estamos em uma hora tensa de Westeros, talvez não seja absurdo assumir que as guerras vão começar mais cedo dessa vez.