Star Trek: Discovery | Primeiras Impressões

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Star Trek: Discovery é a nova série da franquia, que pode ser encontrada na Netflix. Ao contrário de outras que estão lá, os episódios de Star Trek: Discovery estão sendo lançados aos poucos, então só vai dar para maratonar caso você tenha alguma paciência para esperar todos saírem.

Criada por Brian Fuller e Alex Kurtzman, a história acontece 10 anos antes da série clássica. Os dois primeiros episódios são na verdade uma introdução do que acontecerá ao longo da temporada. Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) é a primeira oficial da capitã Philippa Georgiou (Michelle Yeoh). As duas percebem algo estranho em um cinturão de asteroides próximo de sua localização. Quando Michael vai investigar, ela descobre que acabaram de topar com os Klingons.

Por enquanto, assisti aos três primeiros episódios e vou falar um pouco das minhas primeiras impressões deles, sem spoilers.

Eu não assisti a série clássica, então falo como pessoa de fora do fandom de Star Trek. Para mim, o primeiro mérito é que Discovery consegue abraçar os fãs novos e que sabem pouco da história de Star Trek. Mesmo não sabendo alguns dos termos e informações desse universo, ao longo desses dois primeiros episódios já é possível aproveitar tudo que o roteiro apresenta sem ficar completamente perdido.

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Mãe! | Crítica

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Mãe! é um filme que tem dado o que falar nos últimos tempos. Aparentemente, é impossível sair do cinema sem uma opinião forte, você ama ou odeia. Antes de chegar na minha opinião pessoal, vou procurar fazer a crítica mais objetiva possível. Por enquanto, não vou falar de nenhum spoiler.

De fato é complicado falar sobre o que o filme é sem estragar a experiência, mas basicamente: Jennifer Lawrence, a mãe, (os personagens não têm nome, então vou usar o dos atores algumas vezes) mora nessa casa, no meio do nada, junto com seu marido, Javier Bardem, um poeta que está há algum tempo sem conseguir escrever. Mãe está reconstruindo a casa, que foi queimada e fez o marido perder tudo. Eles aparentemente vivem bem, até que Ed Harris, que é médico, chega na casa e é convidado a ficar lá pelo poeta. Mãe não fica feliz, e as coisas pioram quando a esposa do médico, Michelle Pfeiffer, também chega na casa.

Assim como a mãe, nós estamos perdidos nos inúmeros acontecimentos que vão acontecer ali. A câmera sempre acompanha Jennifer Lawrence, às vezes parado em seu rosto, outras vezes mostrando o que ela está vendo. Um dos grandes pontos positivos do filme é a atuação de Jennifer Lawrence, que coloca a emoção necessária em cada cena, dando movimento inclusive para momentos que são mais longos do que precisariam ser. As atuações como um todo se destacam, por mais que em boa parte do filme você não entenda porque os personagens agem de determinada forma, a atuação é o que faz o passo do filme não se perder.

Por outro lado, os personagens não tem profundidade. Sim, eu sei que há todo um significado por trás da história do filme e da identidade daqueles que estamos vendo, mas em termos de arco do personagem, a maioria deles termina no mesmo ponto em que começaram. Eles não passam de peças para o significado final da obra, o que até funciona, porém não vai além, não vemos mudanças e quando elas parecem que vão acontecer, principalmente com a protagonista, a personagem apenas volta para o ponto de seu arco que estava no começo.

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5º Episódio: Eastwatch | 7ª Temporada de Game of Thrones

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Depois do último episódio, era bem provável que as coisas fossem acalmar antes de mostrar ao público outra batalha emocionante. Mas Eastwatch não tomou as melhores decisões. Talvez o episódio com o ritmo mais rápido da temporada, vimos muitas revelações, algumas legais e outras que apareceram de forma que nós nem imaginávamos.

Até o momento, apenas um lado da briga estava dando tiros certeiros, mas dessa vez a coisa fica mais balanceada. Alguns reencontros acontecem, certos personagens repensam algumas decisões e voltamos a falar dos White Walkers, em como eles são uma ameaça muito mais importante do que quem vai sentar no trono de ferro.

Com dois episódios para o fim dessa temporada, dá para ver que a produção de Game of Thrones estava correndo contra o tempo para amarrar todas as pontas. Ninguém quer ver enrolação na série, mas alguns pontos poderiam ter sido melhor pensados. No entanto, Eastwatch dá a deixa para um conflito que pode ser bem perigoso no próximo episódio.

A partir de agora o texto terá spoilers.

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3º Episódio: The Queen’s Justice| 7ª Temporada de Game of Thrones

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O terceiro episódio da sétima temporada trouxe um dos encontros mais esperados de Game of Thrones. Acredite ou não, esse nem é o momento mais impactante do episódio. Agora que todas as peças importantes finalmente estão se chocando, as brigas vão ficando cada vez maiores.

Por mais que alguns momentos tenham sido bem legais, outros poderiam ser melhores. Já que faltam poucos episódios para a história de Westeros ser concluída, o teletransporte dos Sete Reinos está mais ágil do que nunca. A série está fazendo um esforço sincero para deixar a balança igual, o que funciona em alguns momentos e em outros nem tanto.

Entre erros e acertos, Game of Thrones vai fechando as pontas e deixando os fãs empolgados para ver o que vai acontecer. O episódio volta a usar referências, o que é sempre um ponto positivo. Com o passo bem acelerado, é possível que até o final dessa temporada a guerra entre as casas nobres seja resolvida, deixando os últimos episódios para a luta contra os White Walkers.

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John Boyega está certo | Representação étnica na fantasia medieval

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Eu sinto que eu já falei desse assunto inúmeras vezes, talvez você, que acompanhe mais meus textos, não aguente mais ouvir falar disso, mas como as pessoas insistem em dizer besteiras, aqui estou eu, mais uma vez, para falar em nome desse gênero que amo tanto.

Esta semana, John Boyega estava participando de uma entrevista para a GQ e falou sobre a falta de diversidade étnica em Game of Thrones. Eu tenho a impressão de que existem certos assuntos no mundo nerd que, se você falar mal, você automaticamente vai summonar um nerd preconceituoso. Game of Thrones seria um deles. John Boyega disse:

Não há pessoas negras em Game of Thrones. Você não vê uma pessoa negra em Senhor dos Anéis. Eu não estou pagando dinheiro para ver só um tipo de pessoa na tela. Você vê pessoas diferentes com várias histórias e culturas todos os dias. Mesmo se você for racista, você precisa lidar com isso.

A internet caiu em cima dessa declaração. Como nós sabemos, o público nerd ainda é muito difícil e preconceituoso, então ofensas de todos os tipos surgiram, além de pessoas tentando argumentar, com pontos bem falhos, que não havia nenhum problema em Game of Thrones só ter pessoas brancas. Vamos parar um pouquinho para ver essas “argumentações”.

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Horizon: Zero Dawn e as mulheres que salvam o dia

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Nesta semana da mulher, de 1º a 8 de março, portais nerds feministas se juntaram em uma ação coletiva para discutir de temas pertinentes à data e à cultura pop, trazendo análises, resenhas, entrevistas e críticas que tragam novas e instigantes reflexões e visões. São eles: Collant Sem Decote, Delirium Nerd, Ideias em Roxo, Momentum Saga, Nó de Oito , Preta, Nerd & Burning Hell, Prosa Livre, Psicologia&CulturaPop, Valkirias, Kaol Porfírio#wecannerdit 

Não é muita novidade para ninguém que o meio gamer costuma ter muito preconceito, incluindo o machismo. Mulheres não são tratadas da mesma forma em competições online, assim como o número de homens desenvolvendo jogos ainda é maior. Anita Sarkeesian está aí para mostrar que fazer críticas aos estereótipos das mulheres em jogos também não é tão simples assim. Quando um homem padrão faz um comentário, a opinião dele é respeitada, enquanto uma mulher é acusada de tudo antes de ter sua opinião levada a sério.

Eu mesma ainda recebo comentários ofensivos de textos que fiz falando sobre falta de representatividade em jogos, sempre que comento sobre estereótipos em que personagens mulheres são colocadas, entre comentários ofensivos, leio algum do tipo “nem todo o jogo precisa ser sobre preconceito!”. E isso é fato, nem todo o jogo precisa mesmo.

Quando falamos de representatividade na ficção, em geral há duas formas que ela pode acontecer: A história pode sim usar os seus personagens para construir críticas ao preconceito da nossa sociedade, ou pode simplesmente colocar personagens bem construídos lá, sem necessariamente falar sobre os preconceitos que essas minorias passam na vida real. Ambas são representatividades válidas. É importante que a mídia de entretenimento use sua influência para fazer críticas, contando histórias que discutam o preconceito, como no recente Estrelas Além do Tempo (que é ótimo), mas há outras formas também. Eu sou mulher, mas nem por isso meus únicos problemas na vida são relacionados ao meu gênero. Alguns são, mas eu e outras mulheres lidamos com outras questões também.

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Adaptações e os acertos de A Chegada

"Story of Your Life" Day 37 Photo: Jan Thijs 2015

É possível fazer um texto apenas com os acertos de A Chegada no geral. O filme é uma adaptação do conto de Ted Chiang “História da sua Vida”, lançado em 2016 e também indicado para algumas premiações, incluindo o Oscar de melhor filme. Mesmo o Oscar tendo um histórico de não necessariamente premiar ou indicar os melhores filmes sempre, A Chegada é realmente um longa muito bom. Para mim, junto com Estrelas Além do Tempo, é o melhor filme do ano.

A Chegada é dirigido por Denis Villeneuve. A protagonista é Louise Banks (Amy Adams), uma linguista que é chamada pelo governo para ajudar com os primeiros contatos com a raça dos heptapodes, que são alienígenas que pousaram em vários lugares da terra. Os humanos não sabem o que eles querem e descobrir isso é o grande desafio da história.

Há várias análises que podem ser feitas a partir desse filme. Em tempos de intolerância e conflitos, um filme sobre alienígenas que mostra os humanos tentando conversar antes de atirar é muito oportuno. A Chegada vai falar sobre dificuldades de comunicação, sobre como é  mais fácil assumir o pior do “outro” e também sobre outros aspectos mais filosóficos do ser humano. Mas o foco neste texto é falar como um conto de algumas páginas conseguiu virar um filme tão bom, a partir daí podemos pensar um pouco sobre os aspectos que fazem uma adaptação agradar o público.

O texto contém spoilers do filme A Chegada e do conto História da sua Vida.

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Sense8, Especial de Natal e o futuro da série

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Antes de 2016 acabar, a Netflix lançou o especial de natal de Sense8. A segunda temporada da série será lançada em maio de 2017.

Para quem não lembra, no final da primeira temporada os sensate tinham passado pelo seu primeiro confronto contra os sussurros. Enquanto isso, cada um deles tinha que lidar com seus próprios problemas em várias partes do mundo. Sun estava presa na solitária, Lito precisava lidar com o fato de que seu relacionamento com Hernando tinha vazado na mídia, Kala estava em lua de mel com um marido que aparentemente não ama, Wolfgang está sendo perseguido por gângsters para tomar o lugar de seu pai, Capheus está tentando consertar a Van Damn, Nomi virou uma fugitiva e Will está se escondendo dos Sussurros com a ajuda de Riley.

Com duas horas de duração, Sense8 trás de volta todos esses personagens tão amados, avança um pouco na trama principal e também nos dá algumas cenas divertidas entre todos os sensate. Esse episódio seguiu bem o modelo que já conhecemos da série, tanto as partes boas quanto as ruins, e também pode nos indicar como algumas coisas serão levadas para a segunda temporada.

Essa crítica terá spoilers do episódio especial de natal e também algumas considerações sobre o futuro da série a partir de agora.

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Westworld | Primeiras Impressões

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A nova série da HBO estreou dia 2 de outubro. Com apenas dois episódios já lançados, a nova aposta do canal já está rendendo muitos comentários. Westworld é uma série de ficção científica, baseada em um filme de mesmo nome de 1973, criada por Jonathan Nolan e Lisa Joy.

Westworld é um parque temático que simula a época do Velho Oeste. Lá existem androides, chamados “anfitriões”, que são como se fossem atores para deixar o parque mais realista. A diferença é que os androides são programados para realmente viver aquela realidade e nem tem ideia da sua real condição. Esses anfitriões recebem os “recém-chegados”, que são as pessoas que tem dinheiro para frequentar o parque. Lá dentro, os visitantes podem fazer o que quiserem, como realizar as missões que os personagens dão ou até mesmo matar os androides.

Um resumo bem rápido da série para mim seria: Parece Game of Thrones com androides no Velho Oeste versão ficção científica, para o bem e para o mal. Talvez eu comente alguns spoilers leves, mas nada que atrapalhe quem ainda não viu a série.

A história em si não tem nada de parecido com Game of Thrones, mas a mão da HBO é bem evidente em ambas a séries. Tecnicamente, Westworld não deixa a desejar, o telespectador consegue sempre identificar imediatamente quando está dentro ou fora do parque. Isso não fica só pelos cenários óbvios, mas pelas cores e estéticas utilizadas. Por mais que a junção Sci-Fi e Velho Oeste possa afastar algumas pessoas, a série consegue pesar bem o tempo de cada ambiente.

No primeiro episódio há uma repetição na vida de Dolores (Evan Rachel Wood), uma das androides, que representa de forma legal como aquela realidade se repete indefinidamente. No segundo episódio isso volta, com menos força e talvez nem tão necessário, mas fica bom no contexto geral mesmo assim. Outra coisa que chama a atenção é como os idealizadores do parque parecem uma equipe de roteiristas de games, planejando cada arco ou episódio do parque, as missões, o que faz cada personagem realizar cada coisa, etc.

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O relacionamento abusivo entre a Arlequina e o Coringa

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Esquadrão Suicida estreia essa quinta-feira. Depois de muitas pessoas empolgadas, polêmicas, muitas cenas e informações “vazadas”, finalmente veremos o resultado final. Eu já comentei algumas vezes o quanto certas coisas divulgadas do filme tem me incomodado.

Há muitos debates sobre a sexualização da Arlequina, desde a roupa que ela usa no filme até enquadramentos de câmera mostrados no trailer. Mas hoje especificamente eu gostaria de falar sobre outro aspecto ao redor da personagem da Arlequina que tem sido muito comentado ultimamente.

Antes do filme do Esquadrão Suicida começar a ser produzido, já tínhamos discussões sobre o relacionamento da Arlequina com o Coringa. Muitas pessoas romantizam essa relação como se fosse algum exemplo perfeito de amor no meio nerd. Com o lançamento do filme se aproximando, muitos ainda insistem em falar que, apesar de complicado, é um relacionamento em que os dois se amam independente de qualquer coisa.

Esse texto é para explicar que não há romance nesse relacionamento, é abuso.

O relacionamento abusivo existe quando uma das pessoas tenta ter o poder sob a outra. A pessoa abusiva busca controlar as ações do parceiro, tem um comportamento possessivo e machuca a outra no processo, podendo ser psicologicamente ou fisicamente. A Arlequina passa por tudo isso durante seu relacionamento com o Coringa, tanto nas animações quanto nos quadrinhos e romantizar isso como “complicado, mas que se amam” é um desserviço.

A Arlequina apareceu pela primeira vez no Batman durante a série animada, em 1992, como uma ajudante do Coringa. A personagem fez tanto sucesso e os criadores ficaram tão encantados com o resultado final que Arlequina acabou aparecendo mais vezes. No quadrinho Mad Love (Amor Louco) nós ficamos sabendo a origem da personagem, que já mostra como realmente era a relação entre ela e o Coringa.

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