Plumba não é só uma garota que bate em monstros

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Plumba foi o primeiro quadrinho que comprei na CCXP 2016. Anunciaram que iam sair o volume dois e só vi críticas positivas, então resolvi dar uma chance para essa história. Não me decepcionei.

O quadrinho é da 2minds, criado por Thiago Lehmann e Luiza McAllister. Ele acompanha a história de Plumba, uma garota de cabelo rosa que mora com sua família na Casa Rosa, na cidade Boloto. Plumba quer comprar um machado novo, mas não tem dinheiro o suficiente para isso, então resolve começar uma viagem para completar missões e juntar o dinheiro necessário.

Como indica o título da crítica, a história de Plumba é muito mais do que uma garota batendo em monstros. Desde o primeiro momento o leitor já gosta de Plumba, a protagonista é muito carismática, capaz e inteligente. Além dela, outros personagens muito divertidos vão aparecendo, adicionando informações para a história e fazendo com que o leitor conheça mais sobre aquele universo e a própria Plumba.

O primeiro volume serve como uma introdução. Quando terminamos de ler, entendemos como o universo de Plumba funciona, conhecemos a personalidade da protagonista, os básicos para a história e temos uma pista sobre algo maior que está para acontecer. O segundo volume começa a dar forma para alguns conflitos maiores do que a falta de dinheiro para comprar o machado. Descobrimos mais sobre Plumba, sua família e conhecemos outras organizações e personagens importates. Mesmo que o quadrinho tenha a intenção de ser uma história leve e engraçada, o roteiro sabe quando deixar a situação mais tensa quando é necessário.

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Rat Queens | Mulheres na fantasia medieval

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Há algum tempo atrás escrevi esse texto que fala sobre machismo na fantasia medieval. O que acontece é que, como desculpa para não pensar fora da caixa, muitos roteiristas/produtores/diretores/escritores desse gênero acabam reproduzindo machismo em suas histórias. Quando questionados, insistem em falar que “naquela época era assim”, e como falo no outro texto, isso não faz o menor sentido.

Veja bem, a reclamação não é que nenhuma obra de ficção de fantasia medieval não possa falar sobre machismo, a crítica é que as pessoas repensem nas mensagens que querem passar. De qualquer forma, já falei sobre isso, então mais sobre esse assunto no outro texto.

No ano passado ouvi falar de um quadrinho chamado Rat Queens. A história acompanha um grupo mercenário chamado Rat Queens, composto por quatro mulheres que passam por inúmeras aventuras. O quadrinho é de fantasia medieval e até tem uma pegada que lembra RPG: Uma party em que cada uma das quatro personagens tem uma classe específica, juntas elas se completam e compõe um grupo poderoso.

Apesar de ter o quadrinho há alguns meses, só nos últimos dias que realmente sentei para ler tudo e descobri que agora está em hiato (infelizmente). A história é incrível, todas as personagens são complexas, a trama em geral do quadrinho também vai avançando de forma interessante e todos os núcleos são divertidos. Apesar do hiato, é uma história que eu recomendo e já tem em português pela Jambô, inclusive a Rebeca já escreveu sobre isso no Collant.

Mas o que é mais surpreendente e legal de Rat Queens é que essa é uma história de fantasia medieval que não usa nenhuma das “desculpas” clássicas do “naquela época”. Rat Queens mostra que é perfeitamente possível fazer uma história desse gênero sem colocar estereótipos machistas por causa da “fidelidade histórica”.

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Resenha: Estranhos, de Fefê Torquato

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Estranhos foi lançada em março de 2016, após ser financiada coletivamente no Catarse. A história do quadrinho de Fefê Torquato é contada do ponto de vista de um narrador que observa moradores de um prédio. Não sabemos quem é esse personagem, mas podemos acompanhar enquanto ele vai inventando histórias para pessoas que ele vê pela janela.

O quadrinho é dividido em partes, cada uma delas mostra um dos apartamentos. Acompanhamos aqueles moradores com a mesma curiosidade do narrador, enquanto ele nos apresenta o que acredita ser real, podemos tirar nossas próprias conclusões a partir do que vemos. Temos pessoas de todos os tipos, desde o ator frustrado até a família aparentemente perfeita.

Uma das coisas mais interessantes é como o leitor se relaciona com o narrador. Afinal, não estão os dois acompanhando a vida de pessoas que não conhecem? Óbvio que para o leitor, são personagens de uma história, mas tanto quem lê como o narrador não sabem o que realmente acontece com aqueles moradores, só podemos adivinhar e observar sem sermos convidados.

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O relacionamento abusivo entre a Arlequina e o Coringa

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Esquadrão Suicida estreia essa quinta-feira. Depois de muitas pessoas empolgadas, polêmicas, muitas cenas e informações “vazadas”, finalmente veremos o resultado final. Eu já comentei algumas vezes o quanto certas coisas divulgadas do filme tem me incomodado.

Há muitos debates sobre a sexualização da Arlequina, desde a roupa que ela usa no filme até enquadramentos de câmera mostrados no trailer. Mas hoje especificamente eu gostaria de falar sobre outro aspecto ao redor da personagem da Arlequina que tem sido muito comentado ultimamente.

Antes do filme do Esquadrão Suicida começar a ser produzido, já tínhamos discussões sobre o relacionamento da Arlequina com o Coringa. Muitas pessoas romantizam essa relação como se fosse algum exemplo perfeito de amor no meio nerd. Com o lançamento do filme se aproximando, muitos ainda insistem em falar que, apesar de complicado, é um relacionamento em que os dois se amam independente de qualquer coisa.

Esse texto é para explicar que não há romance nesse relacionamento, é abuso.

O relacionamento abusivo existe quando uma das pessoas tenta ter o poder sob a outra. A pessoa abusiva busca controlar as ações do parceiro, tem um comportamento possessivo e machuca a outra no processo, podendo ser psicologicamente ou fisicamente. A Arlequina passa por tudo isso durante seu relacionamento com o Coringa, tanto nas animações quanto nos quadrinhos e romantizar isso como “complicado, mas que se amam” é um desserviço.

A Arlequina apareceu pela primeira vez no Batman durante a série animada, em 1992, como uma ajudante do Coringa. A personagem fez tanto sucesso e os criadores ficaram tão encantados com o resultado final que Arlequina acabou aparecendo mais vezes. No quadrinho Mad Love (Amor Louco) nós ficamos sabendo a origem da personagem, que já mostra como realmente era a relação entre ela e o Coringa.

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Arlequina não quer mais saber do Coringa

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Aviso: Essa postagem contém spoilers das HQ da Arlequina, incluindo o volume 25.

Já comentei em alguns textos que não sou a maior leitora de quadrinhos. Tenho aumentado meu repertório de uns tempos pra cá, mas ainda é pequeno e são principalmente as publicações da Image Comics. Porém, como tem se falado muito dos personagens do Esquadrão Suicida, principalmente da Arlequina, resolvi ler os quadrinhos novos dela por curiosidade.

Essa semana saiu o volume 25 da HQ da Arlequina e em pouco tempo várias imagens surgiram na internet. Na hora que eu vi do que elas se tratavam eu senti algo que mal consigo descrever. Era um misto de alívio, satisfação e felicidade, o que me pareceu estranho depois que parei pra pensar porque eu nunca me considerei uma fã da Arlequina, não por nada, mas porque comecei a conhecer mais da personagem agora.

Pra quem não acompanha a HQ, mas quer ler a postagem mesmo assim, o que acontece é: Arlequina decide mudar de vida e vai para o Brooklyn, onde mora em um novo apartamento, com novos amigos, uma gangue e visitas periódicas da Hera Venenosa. Apesar de possuir métodos nada éticos, dá pra perceber que ela se preocupa com os outros e quer, do seu jeito, fazer o bem, continuando sempre bem-humorada.

Arlequina começa a sair com um cara chamado Mason, que algum tempo depois é preso e mandado para o Asilo Arkham. Sabemos que Arlequina já trabalhou lá e invadiu o lugar, então ela decide voltar para salvar Mason. Acontece que no meio disso, ela encontra o Coringa, que também está preso. Depois de uma briga entre os dois, Arlequina finalmente dá um ponto final no relacionamento abusivo que tinha com ele.

Pois é, isso mesmo que você está lendo, por mais que a HQ tivesse andando para esse lado, eu não achei realmente que algum dia veria, de forma tão gráfica e óbvia, a Arlequina terminando com o Coringa, mas foi isso que aconteceu, e é óbvio que o assunto principal do texto é esse, mas eu queria também falar de outras coisas que acontecem no quadrinho que levaram a isso.

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Além da Máscara | Análise de V de Vingança

“Lembrai lembrai do 5 de novembro: A pólvora, a traição e o ardil. Por isso não vejo porque esquecer uma traição de pólvora tão vil”

Esse trecho é de uma rima feita sobre a Conspiração da Pólvora, que aconteceu em 1605 na Inglaterra. Guy Fawkes foi encontrado no subterrâneo da câmara dos lordes ingleses com barris de pólvora, pronto para explodir o lugar. O plano não deu certo e Fawkes, junto com seus aliados, foi torturado e morto por traição e tentativa de assassinato.

Mas eu não vou falar de Fawkes, eu vou falar do homem (ou ideia) que usou sua máscara nos quadrinhos em 1982 e depois nos cinemas em 2005. É, hoje, dia 5 de novembro, resolvi postar obre uma das minhas histórias favoritas de todos os tempos: V de Vingança.

Faz dez anos que o filme foi lançado e que eu vi o filme pela primeira vez. A história explodiu minha cabeça, eu me apaixonei completamente pelo que eu vi e mais tarde pelo que eu li. Evey Hammond deixa seu apartamento de noite, ignorando o toque de recolher (ela sai por motivos diferentes no quadrinho e no filme) e é abordada por policias. A história se passa em uma Londres totalitarista de um futuro não muito distante, então isso é algo pra se preocupar. Evey é salva por um estranho usando máscara de Fawkes, que se chama V, e a convida para ver o começo de seu plano para mudar Londres.

Muito já foi falado sobre essa história, várias críticas e análises tanto do livro quanto quadrinho, então pra não vir aqui e falar mais do mesmo, resolvi focar no simbolismo da máscara e toda a questão da desumanização de V.

Essa postagem contém spoilers do quadrinho e o filme.

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O surrealismo em Sandman

Sandman é uma série de quadrinhos, escrita pelo Neil Gaiman, que foi lançada de 1989 até 1996. Os quadrinhos não seguem uma linha de história linear, mas giram ao redor do personagem Sonho, uma entidade que personifica exatamente essa ideia. Já fiz uma resenha aqui, sem spoilers, sobre o que achei da história, mas o texto aqui vai se focar em algo mais específico.

Uma das coisas que eu mais gosto, quando estou acompanhando alguma história, é reparar nos detalhes, tentar entender o simbolismo por trás de cada escolha, o que fez com que eu começasse a notar as tendências surrealistas na obra do Neil Gaiman.

O surrealismo surgiu na primeira metade do século XX, na França. O princípio básico das obras surrealistas é que a arte não devem vir da razão, moral ou preocupação estética, portanto a obra de arte seria, do ponto de vista dos surrealistas, o resultado do absurdo, das coisas ilógicas, como imagens que vemos nos sonhos.

Salvador Dalí, um dos artistas mais lembrados dessa época, diz que é preciso desacreditar da realidade tal como a percebemos para criar a obra de arte. Em uma das aulas de história de arte que tive na faculdade, o professor concluía, em sua concepção, que a arte era a forma do ser humano alcançar o subconsciente através do que fazia conscientemente, alcançar aquela coisa dentro de você que te emociona e faz sentido. Nessa interpretação da arte a linha surrealista se encaixa bem.

Como disse no vídeo que fiz sobre o Sandman, algo que sempre gosto no Neil Gaiman é como ele encaixa coisas consideradas absurdas no nosso mundo atual, sem maiores explicações, porque no contexto, por mais estranhas que sejam, elas farão sentido, assim como os relógios derretidos de Dalí fazem sentido dentro de seu quadro. Então agora senta comigo e vamos ver o que tem de tão surrealista em Sandman.

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5 motivos para você ler The Wicked + The Divine

The Wicked + The Divine é um quadrinho da editora Image escrito por Kieron Gillen e ilustrada por Jamie McKelvie. A HQ começou a ser lançada em junho de 2014 e a cada mês temos um capítulo novo.

A história é a seguinte: A cada 90 anos, 12 deuses reencarnam como seres humanos para serem amados, odiados e mudar a vida das pessoas. Depois de dois anos, eles morrem e o ciclo continua. A grande sacada aqui é que esses deuses reencarnam como estrelas da música e não escondem de ninguém o que são, só que uns acreditam e outros não.

Por enquanto só saíram 13 capítulos (12 traduzidos pro português), mas como eu gostei muito e quero que mais pessoas conheçam, resolvi fazer essa lista pra deixar todo mundo com vontade de ler esse quadrinho. Podem ficar tranquilos, não tem spoilers!

  • Originalidade

“Mais uma vez, nós retornamos”

Sinto que ultimamente as pessoas estão mais empolgadas para as continuações de algo que já existe do que por histórias novas. Na E3 desse ano, por exemplo, por melhor que tenha sido, os jogos que mais deram o que falar eram continuações de franquias que já existiam. As produtoras de filmes fazem um remake após o outro e reutilizam personagens que já conhecemos. Não que isso não seja divertido, mas sinto falta de algo novo.

Às vezes temos algo novo, mas que parece mais do mesmo, então é muito bom ler um quadrinho como The Wicked + The Divine, que é uma novidade que realmente tem cara de novo! Lemos a sinopse e pensamos “Que raios de história é essa?”. Deuses que reencarnam e viram popstars? Não é incomum vermos a religião e mitologia serem usados em histórias desse tipo, mas não dessa forma. Os deuses aqui são jogados no nosso mundo atual e como celebridades, suas ações afetam as pessoas ao seu redor e influenciam a cabeça dos fãs.

A originalidade não está só no contexto geral da história, mas também em como Kieron cria esse mundo e guia os personagens, cada um em seu próprio arco. Não posso me estender muito para não dar spoilers, mas leia que você vai entender.

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Eu Li: Sandman

Dessa vez fiz uma crítica de quadrinho! Finalmente terminei de ler Sandman e vou falar um pouco dessa obra linda do Neil Gaiman.

Pela primeira vez o vídeo não tem spoiler nenhum, então pode ver tranquilo.

Sandman é da Vertigo e da DC Comics, começou a ser publicada na década de 80. O quadrinho conta várias histórias e tem como personagem principal Sonho, um dos sete perpétuos.

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