No dia 08 de março de 2016, no escritório do Google Brasil em São Paulo, aconteceu o 3° Simpósio Global sobre Gênero na Mídia, que é realizado pelo Instituto Geena Davis. Eu sabia muito pouco sobre o trabalho desse instituto e nem sabia que ia rolar o simpósio, só descobri uns dois dias antes, quando me falaram sobre e, sem saber muito sobre a programação, achei o assunto interessante e resolvi ir (obrigada Rebeca por ter me avisado).
Confesso que no começo, quando cheguei, fiquei desanimada e até considerei a hipótese de desistir e ir pra casa. A organização do evento não era das melhores, tinha um aglomerado de pessoas na recepção e várias que colocaram o nome na lista não puderam entrar de primeira porque o nome não aparecia no sistema, que foi o meu caso. O evento era pra começar às 15h e eu acabei chegando bem em cima da hora, mas ainda esperei até às 16h pra eles deixarem as pessoas com o nome “fora da lista” entrar. Isso também acabou fazendo com que o evento atrasasse.
Ainda bem que eu não desisti porque foram poucas falhas e muita coisa boa que eu fiquei muito feliz de poder ter presenciado. Talvez a minha única outra reclamação sobre o evento é que, durante o vídeo da Geena Davis, as pessoas que sentaram mais atrás não conseguiam ler a legenda. Muita gente lá, como eu, entendia inglês, mas não é o caso de todo mundo. O foco do evento era falar sobre gênero no audiovisual brasileiro, considerando a posição atual do país, é uma minoria privilegiada que consegue ser fluente em inglês ao ponto de entender algo sem legenda, por isso é importante a tradução. Por outro lado, já que não tínhamos fones com tradução simultânea, em todas as apresentações com convidados internacionais tínhamos alguém que traduzia o que foi dito depois, que foi um ponto bem positivo.
Caroline Heldman e João Feres Jr. apresentaram em seguida a pesquisa de Representação do Gênero na Mídia de Entretenimento Brasileira realizada pelo Instituto em 2014. O Brasil foi um dos países escolhidos por ser um dos dez com maior audiência cinematográfica e – pasmem – nós somos um dos melhores colocados nos rankings de mulheres trabalhando na indústria audiovisual. O Brasil é o terceiro colocado em número de mulheres diretoras (9,1%) e roteiristas (30,8%), além de ser o que possui maior número de mulheres produtoras (47,2%). Isso me faz pensar duas coisas: Primeiro que se eu achava a situação aqui ruim, imagina em outros lugares. Segundo, e até mais importante, a verdade é que eu nunca duvidei tanto que houvessem mulheres na área, o problema é que elas nunca possuem os mesmos espaços e oportunidades que homens, talvez por isso os números sejam tão chocantes. Além disso, todos os números ficam menores quando falamos de profissionais negros.