Hated in the Nation | 3ª Temporada de Black Mirror

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Dirigido por James Hawes, Hated in the Nation (Odiados pela Nação) é o último episódio da terceira temporada de Black Mirror. Também é o mais longo, com uma hora e meia de duração, praticamente um filme. Em Hated in the Nation, a detetive Karin Parke (Kelly Macdonald) e sua nova assistente Chloe Perrine (Faye Marsay) começam a investigar um novo caso: Uma jornalista famosa foi assassinada depois de escrever um artigo muito polêmico em sua coluna, que rendeu muitos comentários de ódio na internet. Durante a investigação, Karin e Chloe descobrem que os assassinatos possuem conexões com uma empresa que desenvolve abelhas robóticas, já que essa espécie está extinta nesse mundo.

Por ser mais longo que os outros, o episódio acaba trazendo vários tipos de reflexões: discursos nas redes sociais, viralização, governo monitorando a vida da população, extinção de espécies importantes para o ecossistema… Hated in the Nation é uma história policial que mostra um lado sombrio do que poderia acontecer caso as coisas que postássemos na internet fossem mais do que só palavras. Hoje em dia, muitos lutam para que a internet não seja uma terra sem lei e esse episódio aborda isso, só que de uma forma muito mais… Black Mirror.

Devo assistir? O episódio tem mortes e ameaças na internet, mas não é um episódio violento ou com cenas muito gráficas de violência. Tem abelhas robóticas, é bom saber caso você tenha fobia, mas como uma pessoa que tem medo de abelhas (as de verdade), apesar de passar por alguns incômodos, consegui assistir o episódio numa boa.

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Men Against Fire | 3ª Temporada de Black Mirror

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Dirigido por Jakob Verbruggen, Men Against Fire (Engenharia Reversa) é um daqueles episódios que acontecem em um futuro que parece estar muito próximo. Stripe (Malachi Kirby) é um soldado que, junto com sua equipe, está tentando ajudar os moradores de uma certa região. Eles estão sendo atacados por criaturas que chamam de baratas, que parecem ser pessoas que foram contaminadas com algum tipo de vírus zumbi.

Men Against Fire é um episódio de guerra, então tudo na tela vai criar esse clima. É tudo muito cinza, sério, triste e pesado. O episódio vai falar sobre como a tecnologia pode ser usada para “aprimorar” os soldados na guerra. O problema é que essas mudanças que o ajudam a melhorar a parte do combate podem acabar afetando o lado que faz esses soldados serem humanos.

Devo assistir? Como estamos falando de guerra, é um episódio pesado e com algum nível de violência por causa dos combates. Há algumas cenas que talvez incomodem por um lado mais gráfico, incluindo tiros e facadas, mas isso não acontece durante o episódio inteiro. E não, não tem baratas de verdade.

O texto contém spoilers.

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San Junipero | 3ª Temporada de Black Mirror

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Dirigido por Owen Harris, San Junipero é o episódio que mais se destaca nessa temporada, por inúmeros motivos. A história começa com Yorkie (Mackenzie Davis) em um lugar chamado San Junipero na década de 80, em que há festas por todos os lados e pessoas querendo se divertir. Ela conhece Kelly (Gugu Mbatha-Raw), outra viajante em San Junipero, que aparentemente está bem mais confortável naquele lugar do que Yorkie. As duas começam a se aproximar e acabam tendo um caso que vai mudar muita coisa.

San Junipero é muito diferente do que esperamos. O episódio ainda tem muitos aspectos de Black Mirror, mas é quase que um respiro depois de vários episódios com mensagens mais pesadas. Mesmo com um tom mais “leve”, San Junipero levanta inúmeros questionamentos sobre o que é estar vivo e o que é verdade ou não dentro do virtual. O episódio faz isso construindo duas personagens muito interessantes e uma relação linda entre elas.

Devo assistir? Sim! Eu diria que San Junipero, além de ser um episódio ótimo, é provavelmente o mais seguro. Ele tem sim vários momentos melancólicos característicos da série, mas talvez seja o episódio indicado para as pessoas que acham Black Mirror muito pesada. Não que esse não tenha uma boa carga emocional, mas… Só assiste!

O texto contém spoilers.

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Shut Up and Dance | 3ª Temporada de Black Mirror

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Dirigido por James Watkins, Shut Up and Dance (Cala a Boca e Dança) conta a história de Kenny (Alex Lawther), um rapaz de 19 anos que vive sua vida sem maiores problemas. Quando sua irmã usa seu computador e acaba baixando programas estranhos, Kenny começa a ser espionado por hackers. Ele é gravado pela própria webcam enquanto se masturba e agora esses hackers estão ameaçando Kenny, dizendo que vão espalhar seu vídeo caso ele não faça exatamente o que eles querem.

A história desse episódio poderia acontecer hoje ou amanhã. Conhecemos todas as tecnologias mostradas e ser gravado pela webcam sem querer não parece tão impossível. Normalmente esses episódios causam um grande impacto no público. Shup Up and Dance nos faz refletir sobre até onde somos capazes de ir para esconder um segredo nosso, como podemos ser manipulados com o medo de sermos expostos.

Devo assistir? O episódio fica com um tom mais pesado no final. Já vi muitas pessoas dizerem que esse é um dos episódios mais chocantes. Ele de fato choca, mas não tem um clima pesado como Playtest, mesmo que a sensação de tensão dure o episódio todo. De qualquer forma, vale avisar que há menções de prostituição, racismo e pedofilia. Nenhuma dessas coisas aparece na tela, não tem nada gráfico, mas os personagens mencionam esses assuntos em certos momentos.

O texto contém spoilers.

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Playtest | 3ª Temporada de Black Mirror

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Dirigido por Dan Trachtenberg, o segundo episódio dessa temporada, como o nome indica, inclui videogames no enredo. Cooper (Wyatt Russell) é um viajante dos Estados Unidos que está passeando pela Europa. Quando ele começa a ter problemas com dinheiro, Cooper acaba encontrando um emprego em uma companhia grande de jogos. O trabalho é aparentemente simples: Testar a nova tecnologia de realidade virtual.

Esse episódio tem um ambiente muito mais pesado que o anterior. Playtest (Versão de Teste) parece praticamente se passar nos dias atuais. A história vai abordar a questão da realidade virtual, só que em um nível de imersão muito maior do que o que conhecemos hoje em dia. Como um todo, Playtest vai mostrar sobre como às vezes a linha entre o virtual e a realidade fica borrada.

Devo assistir? Playtest tem uma pegada de terror, não é nada muito pesado, mas tem sim alguns sustos, sem contar todo o ar tenso característico desse gênero. Além disso, há alguns momentos em que aparecem aranhas, então é bom saber caso você tenha fobia.

O texto contém spoilers.

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Nosedive | 3ª Temporada de Black Mirror

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A tão esperada terceira temporada de Black Mirror finalmente está disponível na Netflix! Com seis episódios novos, a série volta com tudo, trazendo novas histórias, atores e reflexões.

Farei um texto para cada episódio da série. Seguindo a ordem da Netflix, Nosedive (Perdedor) será o primeiro.

Dirigido por Joe Wright, o episódio mostra uma sociedade em um futuro não tão distante do nosso. Nesse universo, as pessoas avaliam tudo que acontecem ao seu redor: Experiências, comida, outras pessoas, etc. Consequentemente, cada pessoa tem uma numeração de 0 a 5 estrelas. Isso pode não parecer tão diferente do que vivemos. Apesar de não avaliarmos pessoas assim, essa numeração é usada para lugares e sempre ficamos de olho em quantas curtidas tivemos nas redes sociais. O problema é que, não só essa sociedade vive isso intensamente, como muitas coisas necessárias para viver usam esse sistema. Uma nota baixa pode te fazer perder um emprego, notas altas resultam em descontos e vantagens que outros não podem ter. A preferência é sempre do “mais popular”, o que exige que as pessoas que querem estar acima de 4.5 tenham uma postura impecável.

É no meio de tudo isso que Lacie (Bryce Dallas Howard), uma 4.2, está tentando arrumar uma nova casa. O lugar que ela quer é caro, mas se ela tiver mais que 4.5 pode conseguir um desconto bom. A chance que ela tem de crescer no ranking é fazendo um discurso no casamento de uma amiga de infância, Naomie (Alice Eve), que tem 4.8 e a cerimônia só terá pessoas 4.7 para cima.

Devo assistir? Em toda crítica de Black Mirror farei esse tópico. Muita gente me pergunta o quão pesado é a série. Black Mirror é difícil de engolir, mas cada episódio é uma experiência diferente. Dito isso, Nosedive não é muito complicado de assistir. O episódio te deixa tenso com a necessidade de aprovação da protagonista e fala sobre aceitação que queremos da sociedade.

O texto contém spoilers.

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Viralização nas redes sociais | Sobre Black Mirror e acontecimentos recentes

Algumas semanas atrás eu fiz uma coisa que prometi pra mim mesma que nunca mais faria: Sentei pra assistir o primeiro episódio de Black Mirror de novo. Pra mim, The National Anthem é que nem Réquiem para um Sonho: Geniais, mas só tenho estômago pra ver uma vez. Porém estou numa jornada de fazer todo mundo assistir Black Mirror (olha aqui minha lista de motivos pra você ver também) e sentei pra ver a primeira temporada toda com a minha mãe.

Ainda é um dos episódios mais chocantes que eu já vi na minha vida, e se você já viu o episódio, não digo isso pelo motivo óbvio que move o episódio, mas como a situação toda foi se moldando a partir de um fator chave: Viralização nas redes sociais.

De todos os episódios, esse é, provavelmente, o mais próximo da realidade, o que na minha opinião faz o episódio ser, de certa forma, ainda mais assustador. A possibilidade que isso poderia muito bem acontecer amanhã, ou já ter acontecido de algum jeito diferente, me faz pensar como a nossa sociedade virou refém das redes sociais, pro bem ou pro mal. Não me entendam mal, adoro facebook, twitter, tumblr e boa parte da minha área de trabalho é baseada na internet, não falo isso com um discurso de “Vamos largar esse facebook e ler um livro!”, longe de mim, mas queria refletir sobre o fluxo de informações e toda essa viralização.

Certos casos são jogados na internet e dão o que falar por alguns dias, que seria a vida útil dessas notícias. Na época que resolvi assistir o episódio de novo, era o caso da Revista Atrevida e os membros da banda Fly e suas declarações racistas que estavam bombando. Mais recentemente tivemos a tentativa de boicote ao novo Star Wars (que falei um pouco sobre aqui), o caso da Valentina no twitter, que foi assediada na rede social, seguido da campanha #primeiroassedio, além da questão sobre Simone de Beauvoir e o tema da redação do Enem, a violência contra as mulheres no Brasil. Todos esses casos bombaram nos últimos dias numa velocidade que só é possível devido a viralização feita pelas redes sociais.

Como vou explicar um pouco o que acontece no episódio de Black Mirror, fica o aviso de spoilers do primeiro episódio da série (lembrando que os episódios não são conectados e também lembrando que, caso você queira assistir, fica um aviso de TW pra humilhações e zoofilia).

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6 motivos para você assistir Black Mirror

Há alguns dias atrás, foi anunciado que a Netflix produziria 12 episódios novos da série britânica Black Mirror. A série foi criada por Charlie Brooker e possui apenas sete episódios que, sem relação uns com os outros, falam sobre a relação dos seres humanos com a tecnologia.

É uma notícia incrível, a Netflix vem mostrando um trabalho ótimo na produção de séries, como por exemplo Orange is the New Black, Sense8, Daredevil, etc. A única preocupação que eu tenho, que é pequena, é que com o aumento do número de episódios, a série perca uma das suas grandes características, que são os episódios independentes, e adote uma narrativa linear. De resto, as expectativas são as melhores.

Conheci Black Mirror ano passado e desde então digo que é a melhor série que já vi na vida. Infelizmente, a maioria das pessoas com quem comento não conhece a série ou, se já ouviu falar, nunca assistiu nenhum episódio. Com esse anúncio da Netflix, a série vai ganhar um alcance maior, mas acho que vale a pena, desde agora, aumentar a hype geral e dar alguns motivos para todo mundo já começar a assistir a série.

A postagem não possui spoilers, então pode ler sem medo.

  • Episódios independentes

Para muitas pessoas isso pode ser um ponto negativo, afinal de contas o roteiro não poderia usar o gancho de um episódio para o outro afim de manter a curiosidade dos telespectadores. Porém, nesse caso, leio como um ponto positivo. Com um episódio para tratar de cada tema, o roteiro se foca naquela mensagem específica que quer passar e em questão de uma hora consegue concluir o que pretende mostrar. Cada episódio diferente aumenta a variedade de assuntos abordados, nunca sabemos o que esperar, nem mesmo os atores são os mesmos, então é sempre uma surpresa (boa).

Além disso, os episódios se passam em tempos diferentes, enquanto um episódio poderia acontecer amanhã, outros obviamente estão acontecendo em algum ponto do futuro. Independente do tempo em que se passam, todas as questões e tecnologias parecem possíveis.

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