“Não estamos sós” ou um desabafo no 8 de março

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Desenho maravilhoso da Kaol da melhor salvadora da galáxia que você respeita

No 8 de março, dia internacional da mulher, eu normalmente escreveria algum texto sobre as personagens que me marcaram pessoalmente ou a cultura pop em geral, já que né, é sobre isso que eu falo. Estou participando da ação #WeCanNerdIt que você pode ver mais no último texto que eu escrevi. Mas esse texto é um pouco diferente.

Que ser mulher não é fácil todo mundo já sabe, ainda mais se você for uma mulher fora do padrão. São tantos tipos de opressões que podem acontecer que se eu listar todas, a gente não para hoje.

Pensando nas pessoas que criam conteúdo para a cultura pop em geral, as personagens femininas geralmente são um dos grandes assuntos no dia de hoje. Aqui mesmo eu já fiz duas listas para o 8 de março, comemoramos quando vemos uma representação legal e gostamos de pensar no poder de “fight like a girl” (lute como uma garota). Também celebramos as mulheres reais que trabalham nessa indústria que, como sabemos, não é fácil.

E que representatividade importa acho que vocês também já sabem. Não vai acabar com todos os problemas do mundo, mas tem sim o seu papel. Para mim, e talvez para você também, o fato dessas personagens virarem símbolos para algumas de nós, delas nos empoderarem tanto é porque nós somos diminuídas toda a hora na nossa sociedade e de todas as formas.

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3° Simpósio Global sobre Gênero e Mídia

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No dia 08 de março de 2016, no escritório do Google Brasil em São Paulo, aconteceu o 3° Simpósio Global sobre Gênero na Mídia, que é realizado pelo Instituto Geena Davis. Eu sabia muito pouco sobre o trabalho desse instituto e nem sabia que ia rolar o simpósio, só descobri uns dois dias antes, quando me falaram sobre e, sem saber muito sobre a programação, achei o assunto interessante e resolvi ir (obrigada Rebeca por ter me avisado).

Confesso que no começo, quando cheguei, fiquei desanimada e até considerei a hipótese de desistir e ir pra casa. A organização do evento não era das melhores, tinha um aglomerado de pessoas na recepção e várias que colocaram o nome na lista não puderam entrar de primeira porque o nome não aparecia no sistema, que foi o meu caso. O evento era pra começar às 15h e eu acabei chegando bem em cima da hora, mas ainda esperei até às 16h pra eles deixarem as pessoas com o nome “fora da lista” entrar. Isso também acabou fazendo com que o evento atrasasse.

Ainda bem que eu não desisti porque foram poucas falhas e muita coisa boa que eu fiquei muito feliz de poder ter presenciado. Talvez a minha única outra reclamação sobre o evento é que, durante o vídeo da Geena Davis, as pessoas que sentaram mais atrás não conseguiam ler a legenda. Muita gente lá, como eu, entendia inglês, mas não é o caso de todo mundo. O foco do evento era falar sobre gênero no audiovisual brasileiro, considerando a posição atual do país, é uma minoria privilegiada que consegue ser fluente em inglês ao ponto de entender algo sem legenda, por isso é importante a tradução. Por outro lado, já que não tínhamos fones com tradução simultânea, em todas as apresentações com convidados internacionais tínhamos alguém que traduzia o que foi dito depois, que foi um ponto bem positivo.

Caroline Heldman e João Feres Jr. apresentaram em seguida a pesquisa de Representação do Gênero na Mídia de Entretenimento Brasileira realizada pelo Instituto em 2014. O Brasil foi um dos países escolhidos por ser um dos dez com maior audiência cinematográfica e – pasmem – nós somos um dos melhores colocados nos rankings de mulheres trabalhando na indústria audiovisual. O Brasil é o terceiro colocado em número de mulheres diretoras (9,1%) e roteiristas (30,8%), além de ser o que possui maior número de mulheres produtoras (47,2%). Isso me faz pensar duas coisas: Primeiro que se eu achava a situação aqui ruim, imagina em outros lugares. Segundo, e até mais importante, a verdade é que eu nunca duvidei tanto que houvessem mulheres na área, o problema é que elas nunca possuem os mesmos espaços e oportunidades que homens, talvez por isso os números sejam tão chocantes. Além disso, todos os números ficam menores quando falamos de profissionais negros.

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As mulheres da ficção que marcaram minha infância

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Hoje é 08 de março, dia internacional da mulher, um dia que vai muito além de você dar flores para as “mulheres da sua vida”, afinal pouco adianta fazer isso e continuar com atitudes machistas. Como sempre comento aqui no blog, representação é algo muito importante e ter obras ficcionais que falem sobre feminismo ou tenham personagens com esse discurso é uma forma de criar debates sobre o assunto.

Pensando nisso, fiquei tentando lembrar de personagens mulheres que tenham marcado minha infância e adolescência, seja com um discurso feminista mais direto ou só por serem mulheres fortes que me mostraram que eu podia fazer coisas incríveis também. Com isso na cabeça, fiz uma lista de sete personagens que, mesmo quando eu nem sabia o que era feminismo ou não me identificava como feminista, me ajudaram a formar a pessoa que eu sou hoje.

  • Sarah Williams (Labirinto)

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Ela tinha que ser a primeira da minha lista, não só por ter sido uma das primeiras (se não a primeira) heroína que tive como modelo, mas também por ser a protagonista do meu filme preferido.

Falo dela (e do filme) sempre, Sarah é uma adolescente de 15 anos que comete um erro: Pede para que o Rei dos Duendes leve seu irmão embora, ela só não imaginava que os duendes realmente fossem aparecer e realizar seu desejo. Por isso, Sarah precisa enfrentar vários desafios no Labirinto e a inteligência dela ganha da magia de Jareth.

Eu me identificava com Sarah em vários aspectos, da teimosia até o “viver no mundo da lua”, talvez na época não tenha apreciado tanto os discursos dela, mas vi esse filme inúmeras vezes durante os anos e a frase mais marcante dela “Você não tem poderes sobre mim” foi cada vez mais fazendo sentido, Sarah me ensinou que homem nenhum pode ter controle sobre nós e nem nos manipular, não importa o que aconteça.

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25 mulheres incríveis da ficção – Dia Internacional da Mulher

Dia 8 de março é o dia internacional da mulher. Não queremos flores nem chocolates, queremos respeito e queremos todos os dias, queremos o fim da violência e da cultura misógina, queremos parar de ter medo de assédios na rua, queremos que ensinem as meninas a amarem seus corpos e não a odiá-los ou compará-los aos das outras meninas. Queremos mais representação na mídia e quando esta existir, não queremos ser estereótipos.

Sabemos como é frustrante encontrar uma série legal que não tem quase nenhuma personagem mulher, um filme onde as mulheres são sexualizadas ou um jogo onde elas não passam de estereótipos. Sabemos o que é entrar em fóruns e ouvir comentários misóginos, ter a opinião ignorada só porque somos mulheres.

Mas nós também sabemos que a representação está crescendo. Vou aproveitar o momento e agradecer (muito!) a todas as pessoas do grupo Femininjas Geeks que me ajudaram a formar essa lista. Ao mesmo tempo que fiquei triste por ter que cortar algumas personagens por causa do tamanho, fiquei feliz porque eu tinha várias pra escolher, feliz porque uma garota de 13 anos hoje vai ter muito mais representação do que eu tive quando eu tinha 13 anos, e a tendência é só crescer.

Então, pelo dia internacional da mulher, segue uma lista de 25 mulheres incríveis da ficção. A lista a seguir não está em nenhuma ordem específica.

1) Beatrix Kiddo – Kill Bill

Provavelmente uma das personagens mais marcantes de Tarantino e uma das primeiras que pensamos quando falamos em mulheres fortes. Beatrix lutou contra tudo e todos pra alcançar seu objetivo, um dos maiores exemplos de mulheres “badass” que não aceita ser colocada pra baixo. Quebra qualquer estereótipo de mulher indefesa e dá todo um novo significado ao termo “Fight Like a Girl” (Lutar como uma Garota).

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