Como as fanfics me ajudaram a escrever melhor

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Eu sei o que você pode estar pensando. Quando pensamos nesse assunto, o automático é que nossa mente vá para Cinquenta Tons de Cinza, um livro que acho que todos nós podemos concordar que é bem ruim. Para quem não sabe, a história veio de uma fanfic de Crepúsculo.

Por esse e outros motivos, criou-se essa imagem de que fanfics são sempre ruins, mal escritas e de pouca qualidade. Não que não existam fanfics ruins, todo mundo aí que já gastou madrugadas no AO3, procurando histórias do seu ship preferido, já encontrou histórias que dá vontade de desver. Mas a coisa legal do mundo das fanfics é que é todo um espaço mágico, com espaço para histórias ruins e, veja só, outras que de fato são boas.

Se você é, assim como eu, uma pessoa que de vez em quando passa um tempo caçando fanfic, você provavelmente já se deparou com uma história boa de verdade. Não só os fatos são bem colocados, mas a própria escrita em si era bem feita. Sim, elas existem, dá uma chance para o seu fandom e eu garanto que você vai achar alguma que vale a pena.

Piadas na internet a parte, e eu gosto sim de brincadeiras com fanfics, essa parte do fandom e a prática de escrever essas histórias podem ajudar futuros escritores mais do que você pensa. Pelo menos para mim eu sei que ajudou. Hoje eu estou trabalhando em um projeto original meu e, quando tudo der certo, eu vou saber que parte disso é porque eu pratiquei por algum tempo com as tais das fanfics.

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Escrevendo personagens bissexuais

THE LEGEND OF KORRA

Há alguns dias eu postei um texto sobre estereótipos que encontramos em personagens bissexuais na cultura pop. Eu terminei concluindo que o problema não é a característica clichê em si, mas como isso pode dar uma representação ruim como um todo, já que muitas vezes é a única que vemos. Personagens que se resumem ao estereótipo não são representações tão interessantes, mas quando isso é uma característica no meio de várias, ou um personagem bissexual no meio de outros, aí a representação pode ser mais positiva.

Isso tudo aqui é o ponto de vista de uma pessoa, então seguir as minhas dicas não significa que nenhuma outra pessoa bissexual no mundo não vai criticar a representação da sua obra. Mas ler sobre o assunto, ouvir as pessoas da minoria em questão e, mais importante, se permitir ouvir críticas e dicas pode ajudar.

Eu entendo que às vezes ouvir críticas não é fácil, principalmente no ponto de vista de representação. Isso é considerado uma característica secundária das obras, então há sim muitos artistas que acham que pensar criticamente sobre isso é “censura” ou “impedir minha arte de ser livre”. Mas assim como estamos dispostos a ouvir dicas sobre narrativa, revisão de texto ou formatação, também precisamos estar dispostos a ouvir quando o assunto é representação.

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Dicas para o NaNoWriMo

E aí gente, como é que vocês estão?

No vídeo de hoje falo do NaNoWriMo e dou algumas dicas baseada na minha experiência do ano passado. Para quem não sabe, o NaNoWriMo (National Novel Writing Month) é uma maratona que acontece todo o mês de novembro em que as pessoas tentam escrever 50 mil palavras em um mês.

Todo escritor tem um processo de escrita diferente, não tem jeito certo de escrever e esse vídeo não tem nenhuma intenção de engessar o processo criativo de ninguém. Apenas compartilhei algumas coisas que aprendi com a minha experiência nessa maratona, aí cada escritor vai avaliar o que é melhor para si.

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Autoinserção, criatividade e poder ser qualquer coisa

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Nesses últimos dias pesquisei muito sobre o termo Mary Sue por causa da polêmica da Rey, por causa disso acabei me deparando com outro tópico que resolvi falar sobre. Como já disse nesse texto, o termo Mary Sue é usado para personagens mulheres consideradas perfeitas, boas em tudo, já que as meninas que escreviam fanfics se autoinseriam como personagens sem defeitos em suas histórias. Fanfic, para quem não sabe, é quando um fã escreve alguma história em um universo ficcional que já existe.

Podemos fazer uma reflexão, que também vai fazer ligação com esse outro texto meu, sobre algo considerado “de mulher” ser ridicularizado, se a maioria das pessoas que escrevessem fanfics na época fossem homens e eles inserissem em suas histórias personagens como eles, talvez os termos Mary Sue e Gary Stu nunca tivessem existido. Mas já falei dessa questão no texto apontado aqui, o foco agora é falar sobre autoinserção.

Autoinserção é quando um escritor escreve um personagem que na verdade é ele mesmo. Isso não acontece só em fanfics, Tolkien admitiu que Faramir era o personagem que representava ele mesmo no mundo do Senhor dos Anéis.

Porém se pararmos pra pensar, a autoinserção é algo que pode acontecer de outras formas. Por exemplo, quando você joga um RPG, seja de mesa ou no videogame, e faz um personagem parecido com você fisicamente ou psicologicamente, isso é um tipo de autoinserção. Nos meus anos de fandom, fóruns e tumblr, percebi que não era incomum encontrar autoinserção de todas as formas: fanfics, jogos e em fanart.

O que ficou na minha cabeça depois de pesquisar sobre o termo Mary Sue é que, se poucas pessoas fizessem a tal da autoinserção, nunca teriam criado o termo e nem feito uma fanfic só para criticar a prática (óbvio que só as meninas que faziam isso eram o alvo da crítica né). Tanto isso quanto meus anos de fandom me mostram que a autoinserção não é algo incomum. Aí eu me perguntei: Mas por que as pessoas fazem isso

Quando pensei sobre escrever esse texto, comecei a pesquisar sobre o assunto para ver se encontrava alguma fonte que me apontasse o motivo das pessoas quererem se colocar nas ficções. Uma das coisas que me chamou atenção é que, ao contrário do que eu acreditava, não tinha muitos textos sobre o assunto. Os que encontrei era muito ligado ao termo Mary Sue e outros falavam de autoinserção como se fosse algo ruim.

Entre esses textos “contra” autoinserção, os argumentos eram que, se em um RPG você poderia ser qualquer coisa, por que escolher ser você mesmo? Outro dizia que se afastar do que você é aumenta a criatividade e ainda um terceiro argumento dizia que as pessoas que escreviam autoinserção é porque tinham dificuldade de escrever sobre o outro.

Nenhum desses argumentos me deixou muito feliz.

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