Hoje no canal tem resenha de livro! Vou falar um pouco do que achei de O Conto da Aia, um livro de ficção científica da Margaret Atwood. A história acompanha Offred no seu cotidiano em uma sociedade opressora.
O livro será adaptado para a televisão e a série será lançada em abril desse ano pela Hulu!
The Witcher é uma franquia muito conhecida e com muitos fãs. Ano passado The Witcher 3 foi eleito o jogo do ano. O RPG de fantasia medieval tem como protagonista o bruxo Geralt de Rivia. Nesse universo, os “bruxos” são pessoas geneticamente modificadas para ficarem mais fortes e ganham a vida matando monstros.
Apesar de nunca ter jogado, eu via certas coisas dos fãs que me dava muita preguiça do jogo. Como fã da Bioware, já acompanhei muitas discussões de fóruns que falavam de Mass Effect ou Dragon Age. Não era incomum ver algum gamer machista reclamando que, ao incluir diversidade, a Bioware estava tentando fazer aqueles jogadores terem “vergonha de serem homens héteros” e eles iam jogar um jogo que “não tentava envergonhar os homens héteros: The Witcher”. Considerando que uma das coisas que fez a Bioware ganhar meu coração é exatamente o fato deles tentarem sempre melhorar a representatividade, automaticamente eu criei uma birra com The Witcher. Afinal se aquele tipo de fã gostava, não sei se eu ia querer jogar.
Mas fã preconceituoso tem em qualquer fandom, infelizmente, então nos últimos meses decidi que ia jogar a franquia toda. Mesmo com esses comentários, muitas pessoas me diziam que The Witcher era realmente muito bom.
Fico muito feliz de ter superado a birra porque a franquia é de fato incrível, principalmente The Witcher 3. É um RPG de fantasia medieval com escolhas difíceis, história interessante, personagens cativantes… É com certeza uma das melhores franquias que joguei na vida.
Mas nem tudo são flores. Apesar de ser um jogo tão legal, não me surpreende tanto que a base de fãs seja composta por tantos gamers machistas. The Witcher tem sérios problemas com a representação das mulheres, mesmo nos jogos mais recentes. É ainda mais triste quando percebemos que muitas das personagens de peso para a história funcionar são mulheres, mas mesmo assim os estereótipos aparecem.
Esse é mais um daqueles exemplos de coisas que podemos amar mesmo vendo os problemas. Adorei mesmo passar essas semanas como Geralt de Rivia, mas nem por isso vou ignorar certos erros do jogo. É complicado ver um jogo tão bom em vários aspectos errar nessas partes. É também frustrante ver que o melhor jogo do ano de 2015 comete tantos erros com suas personagens mulheres.
Eu fiz questão de jogar todos os três jogos e as DLC antes de falar qualquer coisa para evitar o “você não conhece a franquia” ou “mas depois melhora” (não sei se vai ajudar, mas a gente tenta). Também entendo que os jogos são baseados em livros e talvez os originais sejam machistas. Primeiro precisamos lembrar que esses jogos são adaptações e mudanças são normais, ainda mais considerando que, pelo que andei lendo, muitos fãs dos livros falam que os jogos são bem diferentes. Segundo que alguns pontos machistas do jogo são coisas que não apareceriam na literatura, mas são usados em mídias como o videogame.
Caso você não tenha jogado nada de The Witcher ainda e quer saber se deve começar a jogar sem tomar spoilers, o que eu posso dizer é que a franquia é muito boa, ainda mais para quem é fã de RPG e fantasia medieval, então é um título que eu recomendo, mas saiba que você vai encontrar estereótipos e objetificação de mulheres no jogo.
Eu vou dividir essa postagem em tópicos, um para cada jogo e no final algumas considerações pontuais sobre as DLC de The Witcher 3, assim você pode evitar spoilers caso não tenha jogado algum deles.
Faz algumas semanas que começou a 6ª temporada de Game of Thrones e, como todo o ano, sempre que criticamos algum erro de representatividade ou preconceito contra mulheres na série, vem aquele argumento para defender:
“Ah, mas naquela época era assim mesmo”
Não é só com Game of Thrones que as pessoas usam esse argumento, qualquer fantasia medieval que tenha algum machismo em sua história é rapidamente justificado pelos fãs. Todos lembramos o quão machista foi a 5ª temporada e enquanto várias pessoas apontavam isso, outras vinham com esse argumento pra defender decisões absurdas dos produtores, então eu não fiquei nada surpresa de, já no primeiro episódio dessa nova temporada, alguém falar a mesma coisa.
De fato é importante que uma história tenha coerência com o seu tempo e espaço para funcionar. É óbvio que na ficção você pode fazer o que bem entender, mas a narrativa precisa se encaixar com o “onde” e “quando” da sua história. Por exemplo, em um filme que fala sobre a Joana D’Arc, seria esquisito colocar os personagens usando gírias e palavras dos tempos atuais.
O que as pessoas às vezes esquecem é que histórias como Game of Thrones e muitas outras ficções que os nerds amam não são relatos históricos, como um filme de Joana D’Arc, mas sim fantasia. O nome do gênero é fantasia medieval, portanto sim, vamos ter cavaleiros e lutas que vão remeter à nossa época medieval, mas é também um universo fantástico em que vão acontecer coisas que não necessariamente fazem parte da história medieval do mundo. Por isso que nessas histórias é comum encontrarmos magia de alguma forma, dragões e até outras raças como elfos, anões (edit: não estou falando aqui de pessoas com nanismo e sim da raça que aparece em muitos RPGs e histórias tipo Senhor dos Anéis), etc.
Vou falar especificamente do público/meio nerd aqui, mas eu sei que isso também se encaixa em outras áreas.
Parte de ser feminista (ou de qualquer outro tipo de movimento social) é ter suas opiniões diminuídas por qualquer motivo. Nem precisamos estar necessariamente fazendo uma crítica, por simplesmente sermos mulheres é bem possível que apareça algum cara dizendo que não entendemos do assunto, aí ele pode simplesmente te desmerecer ou tomar aquele teu espaço de fala. Não foram poucas vezes que minha opinião sobre jogos, por exemplo, foi diminuída porque “mulher não manja tanto quanto homem”.
Desde que passei a me identificar como feminista e principalmente depois de ter começado a escrever e fazer vídeos, parece que não dá pra passar 15 dias sem uma polêmica. Ao contrário do que muitos acreditam, não somos nós que criamos o problema, é que agora não ficamos mais quietas. Afinal, por que deveríamos?
O que me fez sentar pra falar sobre isso hoje, a gota d’água da vez, foram as novas imagens da Arlequina no último trailer do Esquadrão Suicida. Várias pessoas, incluindo eu, já falaram do problema dela ser apresentada como objeto sexual em todo material promocional do filme.
É normal que vá aparecer gente pra concordar e discordar, o problema é que passeando pela internet, muito dos comentários são “ai que exagero”, “essas feministas estão sem limites”, “é muito mimimi”.
Normalmente quando preciso falar de assuntos mais sérios eu faço isso em formato de texto, mas hoje eu resolvi fazer um vídeo junto.
Eu tenho visto muitos caras fazendo comentário machistas sobre mulheres não serem “gamers de verdade”. Então sentei, gravei o vídeo, editei e fiquei assistindo várias vezes enquanto me decidia se postava ou não. Eu decidi fazer um vídeo porque a maioria dos vídeos do meu canal são de jogos, um dos motivos principais de eu ter feito o canal foi porque eu sentia falta de conteúdo de certos jogos em português (além de amar videogames), então eu queria levar esse assunto pra lá. Acontece que eu nunca tinha falado de machismo ou feminismo no canal, a maioria das pessoas inscritas são homens e eu fiquei com receio das reações que esse vídeo teria.
Foi exatamente esse receio que me convenceu de que eu devia postar sim. O fato de eu ficar com medo de postar sobre isso significa que a gente ainda tem um longo caminho quando falamos de mulheres na área de games. Sempre falei pra todo mundo que o Ideias em Roxo tem um viés feminista, inclusive está escrito lá no “sobre” do blog, eu também escrevo para outros dois sites com essa temática, então é óbvio que esse era um assunto relevante para eu falar.
Por que eu tô falando isso? Porque se eu, que tô há algum tempo martelando em assuntos polêmicos, me vi com medo de trazer esse tema pro meu canal (por mais que não precisa fuçar muito pra saber das minhas opiniões), imagino que muitas outras moças também evitem falar de certas coisas pelo mesmo motivo.
Agora, sobre o assunto em questão, eu andei pesquisando que muitas das pessoas que jogam qualquer tipo de jogo, inclusive os tais “jogos de verdade” pra console, não se consideram gamers, porque criaram essa ideia de que o “gamer de verdade” é aquele que fica o dia inteiro jogando. Obviamente essas classificações sempre vão pesar mais para o lado da mulher e sempre aparecem para desmerecê-las, como explico no vídeo.
Muitos desses “gamers de verdade” que usam argumentos de “você precisa de vários consoles e vários jogos” já tem idade suficiente pra entender que tempo e dinheiro não prova o amor de alguém por jogos, só prova que a pessoa tem uma condição de vida privilegiada o suficiente pra gastar tempo e dinheiro com isso. Eu reconheço que, apesar de ser mulher e sofrer machismo, eu tenho inúmeros outros privilégios, o fato de eu ter todas as coisas de games que eu tenho é um dos reflexos desses privilégios. Inclusive foi reconhecendo isso que me veio a ideia dos vídeos sobre Dragon Age e Mass Effect, saber inglês no nível que eu sei com a minha idade é um privilégio.
Mulheres, o espaço de games é tanto nosso quanto deles, é de qualquer pessoa que ame videogames. Não tem jeito certo de ser gamer, todos que jogam podem se chamar assim, obviamente só se considera gamer quem quiser, mas não existe uma lista de pré-requisitos. Sempre vai ter alguém para nos desmerecer, como eu comento no vídeo, isso é algo que eu encarei desde cedo, tudo é motivo para tentarem arrancar nossa carteirinha, mas nós seguimos firmes e fortes.
Inclusive, depois que gravei o vídeo, a Rebeca do Collant escreveu esse texto por lá que também é uma discussão muito importante para o assunto.
Enfim, dito tudo isso, vai ver o meu desabafo sobre o assunto lá no canal. Eu queria ter falado sobre muitas outras coisas também, é um assunto extenso, mas a gente tem que ir cortando pra caber no vídeo.
Não se esquece de dar uma força pro canal, se inscreve lá e dá joinha!
Hoje é 08 de março, dia internacional da mulher, um dia que vai muito além de você dar flores para as “mulheres da sua vida”, afinal pouco adianta fazer isso e continuar com atitudes machistas. Como sempre comento aqui no blog, representação é algo muito importante e ter obras ficcionais que falem sobre feminismo ou tenham personagens com esse discurso é uma forma de criar debates sobre o assunto.
Pensando nisso, fiquei tentando lembrar de personagens mulheres que tenham marcado minha infância e adolescência, seja com um discurso feminista mais direto ou só por serem mulheres fortes que me mostraram que eu podia fazer coisas incríveis também. Com isso na cabeça, fiz uma lista de sete personagens que, mesmo quando eu nem sabia o que era feminismo ou não me identificava como feminista, me ajudaram a formar a pessoa que eu sou hoje.
Sarah Williams (Labirinto)
Ela tinha que ser a primeira da minha lista, não só por ter sido uma das primeiras (se não a primeira) heroína que tive como modelo, mas também por ser a protagonista do meu filme preferido.
Falo dela (e do filme) sempre, Sarah é uma adolescente de 15 anos que comete um erro: Pede para que o Rei dos Duendes leve seu irmão embora, ela só não imaginava que os duendes realmente fossem aparecer e realizar seu desejo. Por isso, Sarah precisa enfrentar vários desafios no Labirinto e a inteligência dela ganha da magia de Jareth.
Eu me identificava com Sarah em vários aspectos, da teimosia até o “viver no mundo da lua”, talvez na época não tenha apreciado tanto os discursos dela, mas vi esse filme inúmeras vezes durante os anos e a frase mais marcante dela “Você não tem poderes sobre mim” foi cada vez mais fazendo sentido, Sarah me ensinou que homem nenhum pode ter controle sobre nós e nem nos manipular, não importa o que aconteça.
Essa reflexão de hoje começou com esse texto que está nos meus favoritos e com alguma frequência abro para ler de novo. Alguns dias depois voltei a pensar no assunto quando assisti Garota Sombria Caminha pela Noite. Certos eventos pessoais e coisas que observei mais a fundo na ficção me fizeram cada vez mais pensar nesse tema, até que hoje resolvi fazer um texto, meio desabafo, sobre isso.
Recentemente, como vocês sabem, zerei Until Dawn, um jogo de terror. Apesar de ter gostado bastante do jogo, um ponto importante da narrativa me incomodou bastante e tem tudo a ver com o assunto em questão.
Em Until Dawn, Hannah é apaixonada por Mike. Ela fazia testes em revistas adolescentes para ver se conseguiria ficar com ele, escreveu sobre ele em seu diário e até fez uma tatuagem pra provar o quão “cool” ela era. Os amigos deles descobriram dessa queda que Hannah tinha por Mike e, como ele tinha uma namorada, Emily, eles resolveram fazer uma brincadeira de mau gosto: Fazer Mike fingir que eles iam ficar juntos para gravarem Hannah tirando a roupa. Independente deles terem intenção de divulgar ou não, isso é exposição.
Resultado: Hannah foge, sua irmã gêmea, Beth, vai atrás, as duas caem de um penhasco e são dadas como desaparecidas. Durante o jogo descobrimos que Beth morreu, mas Hannah sobreviveu e como não conseguiu sair das minas em que caiu, precisou comer o corpo morto da irmã pra sobreviver, o que a transformou em um Wendigo. Eu só conseguia pensar em como não era justa essa história, Hannah era uma moça ingênua, que confiava e amava Mike e por querer ter algo com ele, acabou caindo de um penhasco e se tornando em um monstro.
Eu sei que eu provavelmente estou entrando naquele território “perigoso” do mundo nerd. A Rebeca Puig (Collant sem Decote) e eu sempre falamos sobre como os fãs machistas de jogos são os piores, então pode ser cutucar a onça com vara curta falar, não de qualquer jogo, mas de um clássico dos videogames. Mas eu também sou fã de jogos e é meu espaço poder falar sobre eles, seja para elogiar ou criticar.
Ano passado foi anunciado o remake de Final Fantasy VII e eu nem conseguia explicar minha empolgação. Não tive PlayStation na época em que o jogo bombou, então tudo que joguei e vi era na casa de amigos enquanto eles jogavam. Isso junto com um inglês bem limitado, fez com que anos depois eu revisitasse os títulos da franquia que não pude aproveitar tanto, o VII incluído.
Final Fantasy VII é um clássico, um marco nos videogames, não só em jogabilidade, mas em história. Na época os críticos diziam que o jogo estava muito a frente de seu tempo. Até hoje Cloud é um dos personagens mais conhecidos de Final Fantasy e dos jogos em geral (e esse texto explica o quão importante ele foi e ainda é).
Dito isso, considerando ser um JRPG de 1997, não é de se surpreender que hoje vejamos problemas que não víamos antes. Quando começamos a problematizar as coisas, um passo importante é olharmos tudo aquilo que gostamos e entender pontos que não nos incomodávamos antes ou não percebíamos.
Quando comecei a listar, vi que FFVII tinha vários problemas. Acho que ninguém precisa excluir um jogo de 97 de suas boas memórias (a menos que queira) por causa disso, mas considerando que ele terá um remake nos tempos de hoje, época em que os debates sobre representação nos jogos estão tão em alta, é importante olharmos esses fatores. Eu sei que todo mundo quer ver um FFVII igual ao antigo com a mecânica melhorada, mas repetir momentos problemáticos do jogo, novamente, numa época que se fala tanto disso, é um tanto quanto irresponsável.
Esse assunto é meio batido, mas eu, pessoalmente, nunca tinha falado sobre isso e, apesar de nunca duvidar de quem tinha abordado o tema, não tinha passado pela experiência eu mesma, então resolvi comentar aqui sobre o dia em que fui numa loja de brinquedos e fiquei frustrada com os brinquedos “para meninas”.
Não sou uma pessoa que costuma entrar em loja de brinquedos, entro poucas vezes no ano e já sei o que quero comprar, então acabo não reparando muito nas coisas, mas essa semana fui em uma com uma amiga. Ela precisava comprar um presente de aniversário para a enteada dela, que fez sete anos.
Minha amiga me disse que queria dar uma boneca da Tempestade ou da Jean Grey para a menina, já que ela tinha visto X-Men e gostava bastante. Falei que achava difícil a gente encontrar muitos produtos de X-Men, porque o último filme tinha saído fazia algum tempo e comentei que talvez fosse mais fácil encontrar uma Viúva Negra ou uma Rey, mas a menina não tinha visto nem Star Wars e nem os Vingadores, então decidimos procurar na loja e ver se achávamos alguma coisa.
Esse final de semana rolou a segunda edição da Comic Con Experience em São Paulo. Rolaram muitos relatos insatisfeitos nas redes sociais sobre a organização, não posso opinar sobre porque não estava lá, mas o que vou falar aqui é como a tal da “grande mídia” retratou o que aconteceu no evento.
Nesse texto do Collant a Rebeca Puig mostra alguns exemplos de matérias e o caso vergonhoso com a cosplayer assediada pelo Pânico na TV! Não preciso nem dizer que o programa é um desserviço e uma vergonha, mas ao menos eles foram banidos das próximas edições, o que já é alguma coisa (mas gente, sério, lamber uma cosplayer? O que essa galera tem na cabeça?).
Porém, outra coisa que me chamou a atenção foi uma chamada de uma matéria da SBT que dizia “Mulheres Invadem Mundo dos Nerds”. Eu só consegui balançar a cabeça e dizer: “Queridos, nós sempre estivemos aqui”.