Thor: Ragnarok | Crítica

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Havia uma boa expectativa para esse novo Thor. Taika Waititi é um bom diretor, os trailers estavam agradando aos fãs, o filme parecia que ia abraçar a comédia e, até certo ponto, o brega. Independente de gosto pessoal, é uma fórmula que boa parte dos fãs da Marvel tem gostado cada vez mais.

Thor está tentando impedir o Ragnarok. Depois que descobre que Loki está no lugar de Odin, ele e o irmão vão até a Terra buscar o pai. O problema é que Hela, a deusa da morte e filha mais velha de Odin, aparece. Agora Thor e Loki terão que impedí-la de tomar Asgard e destruir todo o seu povo. Essa crítica não tem spoilers.

O tema que as pessoas mais tem falado é o quão engraçado o filme é. Todo mundo sabe que a Marvel sempre puxa o humor, além de que todo mundo já deveria saber que piadas e humor não faz um filme bom ou ruim. No caso de Thor, especificamente, o humor sempre ajudou. O segundo filme é o que puxou mais para o lado do sério e também o que menos funcionou. Um dos grandes acertos de Thor: Ragnarok é abraçar esse aspecto de não se levar a sério demais.

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Mãe! | Crítica

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Mãe! é um filme que tem dado o que falar nos últimos tempos. Aparentemente, é impossível sair do cinema sem uma opinião forte, você ama ou odeia. Antes de chegar na minha opinião pessoal, vou procurar fazer a crítica mais objetiva possível. Por enquanto, não vou falar de nenhum spoiler.

De fato é complicado falar sobre o que o filme é sem estragar a experiência, mas basicamente: Jennifer Lawrence, a mãe, (os personagens não têm nome, então vou usar o dos atores algumas vezes) mora nessa casa, no meio do nada, junto com seu marido, Javier Bardem, um poeta que está há algum tempo sem conseguir escrever. Mãe está reconstruindo a casa, que foi queimada e fez o marido perder tudo. Eles aparentemente vivem bem, até que Ed Harris, que é médico, chega na casa e é convidado a ficar lá pelo poeta. Mãe não fica feliz, e as coisas pioram quando a esposa do médico, Michelle Pfeiffer, também chega na casa.

Assim como a mãe, nós estamos perdidos nos inúmeros acontecimentos que vão acontecer ali. A câmera sempre acompanha Jennifer Lawrence, às vezes parado em seu rosto, outras vezes mostrando o que ela está vendo. Um dos grandes pontos positivos do filme é a atuação de Jennifer Lawrence, que coloca a emoção necessária em cada cena, dando movimento inclusive para momentos que são mais longos do que precisariam ser. As atuações como um todo se destacam, por mais que em boa parte do filme você não entenda porque os personagens agem de determinada forma, a atuação é o que faz o passo do filme não se perder.

Por outro lado, os personagens não tem profundidade. Sim, eu sei que há todo um significado por trás da história do filme e da identidade daqueles que estamos vendo, mas em termos de arco do personagem, a maioria deles termina no mesmo ponto em que começaram. Eles não passam de peças para o significado final da obra, o que até funciona, porém não vai além, não vemos mudanças e quando elas parecem que vão acontecer, principalmente com a protagonista, a personagem apenas volta para o ponto de seu arco que estava no começo.

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Os estereótipos dos personagens bissexuais na cultura pop

From EPP

Dia 23 de setembro é o dia da visibilidade bissexual. Pois é, o B não é de banana, por mais que algumas pessoas insistam em ignorar as demandas dessa parte da comunidade LGBT+. Assim como as outras minorias, personagens bissexuais possuem um histórico cheio de problemas quando falamos de representação, então hoje vamos discutir um esses estereótipos na cultura pop.

Parece óbvio dizer que personagens bissexuais aparecem muito pouco na mídia. Com os anos, nossas opções para criar uma lista aumentam, incluindo alguns que realmente são positivos, mas ainda estamos muito longe de chegar em um ponto satisfatório. No relatório de 2016-2017 da GLAAD, foi estimado que apenas 4,8% dos personagens da televisão nos Estados Unidos eram LGBT+, ou seja, dentro desse número pequeno estão personagens gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, etc.

Entre esses, 30% foram considerados bissexuais, um total de 64 mulheres e 19 homens. Considerando o número de séries na televisão dos Estados Unidos, esse número é muito pequeno. Sim, se juntar cinema, quadrinhos, jogos e outras mídias, certamente esse número vai aumentar, mas tente comparar com a imensidão de personagens heterossexuais em todas essas mídias. A situação está muito longe de se tornar um cenário considerado igualitário.

A questão não são só os números baixos, mas também o estereótipo em que esses personagens são colocados sempre que aparecem. Esse texto é para pontuar clichês que sempre caem em cima dos personagens bissexuais, que colabora para uma imagem preconceituosa que é feita do B no LGBT+.

Como os números do GLAAD apontam, mulheres bissexuais possuem mais espaço na mídia do que homens. Isso dá uma falsa impressão de que mulheres são mais aceitas, mas basta ver a representação dessas personagens para perceber que isso não é verdade. Mulheres bissexuais ouvem com frequência que na verdade elas são hétero, que gostam mesmo é de homem e só beijam mulheres em baladas. O típico comentário de gente que acha que sabe da sexualidade de alguém mais que a própria pessoa, né? Mas voltemos aos estereótipos.

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Guardiões da Galáxia Vol. 2 | Crítica

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A franquia Guardiões da Galáxia começou sem muitas pessoas acharem que realmente os filmes iam para frente. Os heróis não eram muito conhecidos, mesmo sendo da Marvel, e nós achamos que não seria nada demais. Mas a Marvel já provou que pode dar destaque para seus super-heróis no cinema. Guardiões da Galáxia é um exemplo de que, quando o filme é bem feito, os protagonistas não precisam fazer parte da tríade dos quadrinhos para atrair público.

Guardiões da Galáxia foi uma surpresa, mas agora já existia expectativa para o Volume 2. Nós confiávamos em James Gunn e queríamos ver um filme bom e divertido, então foi ótimo ir ao cinema e ver que essa segunda parte não decepcionou.

Depois dos eventos do primeiro filme, os guardiões da galáxia, agora como um grupo, estão caçando uma fera em troca de dinheiro, mas as coisas dão muito errado quando Rocket (Bradley Cooper) acha que é uma boa ideia roubar baterias da raça para quem estavam trabalhando. Os guardiões precisam fugir e são salvos por ninguém menos que Ego (Kurt Russell), o pai de Peter (Chris Pratt).

Essa crítica não tem spoilers do filme.

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Rainha de Katwe | Crítica

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Rainha de Katwe estreia nos cinemas brasileiros dia 24 de novembro. Dirigido por Mira Nair e produzido pela Disney e a ESPN, o filme é inspirado no livro Rainha de Katwe – A Emocionante História da Garota que Conquistou o Mundo do Xadrez. Escrito por Tim Crothers, o livro conta a história real de Phiona Mutesi, uma jovem de Uganda que vira uma mestre no xadrez.

O filme começa apresentando ao público a vida de Phiona (Madina Nalwanga). Ela mora com sua família em Katwe, uma região pobre de Kampala, a capital de Uganda. Junto com sua mãe, Nakku Harriet (Lupita Nyong’o), e seus irmãos, Phiona enfrenta muitas dificuldades desde cedo. As coisas começam a mudar em sua vida quando ela conhece Robert Katende (David Oyelowo). Ele ensina crianças a jogarem xadrez e logo Phiona percebe que gosta muito daquele jogo.

Com um elenco tão bom e esse tipo de história, Rainha de Katwe prometia antes mesmo de ser lançado. Fui assistir com boas expectativas que foram correspondidas. É um enredo que vai te conquistando aos poucos, personagens que vão criando empatia no público com cada nova cena. Mira Nair consegue contar uma história que inspira e emociona, é um dos filmes que mais gostei de assistir esse ano.

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

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Pode ler feliz porque essa crítica não tem spoilers.

Antes de começar, gostaria de agradecer ao Women Up Games por ter me chamado para assistir a pré-estreia do filme!

Filmes baseados em jogos são sempre um assunto um pouco complicado. Nós que jogamos sempre brincamos que as adaptações para o cinema nunca ficam boas, mas mesmo assim várias pessoas entraram na hype da adaptação de World of Warcraft. Eu nunca joguei WoW, não conheço muito sobre o universo, mas como amante de cinema e de jogos eu achei que talvez fosse o primeiro encontro decente de dois mundos.

A minha conclusão é que é e não é ao mesmo tempo. World of Warcraft não é um filme ruim, ele diverte, trata de uma temática interessante, chama a atenção e tem seus acertos. Mas infelizmente ele tem falhas que não dá pra colocar o filme como ótimo.

O reino de Azeroth vive em paz já faz algum tempo, mas como estamos falando de uma fantasia medieval, isso vai acabar logo. O mundo dos orcs está sendo destruído e para não morrerem, eles abrem um portal para outro mundo. Os orcs chegam nesse mundo para conquistar e conseguir uma nova casa, destruindo vilas e matando quem entre no caminho, então as raças de Azeroth precisam se juntar para impedir a nova ameaça.

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Problematizando a ficção

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Esses últimos dias foram bem complicados. Aconteceram várias polêmicas dentro do mundo nerd, desde a notícia de que a Rey foi tirada dos brinquedos intencionalmente até o salário injusto da Gillian Anderson.

Eu tive mais visualizações do que o normal com o meu último texto sobre as roupas das personagens ficcionais e recebi todo o tipo de feedback. A maioria foi positivo, mas como todo o assunto que pisa em calos, tive alguns negativos. Entre xingamentos e “argumentações” que tinham mais raiva do que lógica, vi um questionamento que achei interessante trazer para um novo texto.

Algumas pessoas questionaram qual era a importância de problematizar algo da ficção. Alguns desses questionamentos vieram como textos que buscavam desmerecer o feminismo. Isso não é uma resposta, eu não tenho intenção de discutir com quem possui a mente fechada e busca qualquer desculpa para desmerecer um movimento só porque se sente confortável na posição privilegiada da sociedade. Na verdade, esse texto é para as pessoas que estão dispostas a conversar sobre problematização, sobre coisas nerds em geral e buscar entender melhor o assunto.

Há vários sites e blogs de minorias questionando e criticando aspectos da cultura pop. Qual a importância disso? Será que é mesmo, como fui acusada, “falta do que fazer” ou realmente existe algo maior aí?

Para começar, acho importante entendermos a importância da ficção. Ela é uma das formas de se contar histórias, é algo imaginado, que não existe, mas sempre passa uma mensagem e pode refletir certas coisas da vida real. Essas histórias são veiculadas através dos meios de comunicação: livros, filmes, séries e até jogos.

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Além da Máscara | Análise de V de Vingança

“Lembrai lembrai do 5 de novembro: A pólvora, a traição e o ardil. Por isso não vejo porque esquecer uma traição de pólvora tão vil”

Esse trecho é de uma rima feita sobre a Conspiração da Pólvora, que aconteceu em 1605 na Inglaterra. Guy Fawkes foi encontrado no subterrâneo da câmara dos lordes ingleses com barris de pólvora, pronto para explodir o lugar. O plano não deu certo e Fawkes, junto com seus aliados, foi torturado e morto por traição e tentativa de assassinato.

Mas eu não vou falar de Fawkes, eu vou falar do homem (ou ideia) que usou sua máscara nos quadrinhos em 1982 e depois nos cinemas em 2005. É, hoje, dia 5 de novembro, resolvi postar obre uma das minhas histórias favoritas de todos os tempos: V de Vingança.

Faz dez anos que o filme foi lançado e que eu vi o filme pela primeira vez. A história explodiu minha cabeça, eu me apaixonei completamente pelo que eu vi e mais tarde pelo que eu li. Evey Hammond deixa seu apartamento de noite, ignorando o toque de recolher (ela sai por motivos diferentes no quadrinho e no filme) e é abordada por policias. A história se passa em uma Londres totalitarista de um futuro não muito distante, então isso é algo pra se preocupar. Evey é salva por um estranho usando máscara de Fawkes, que se chama V, e a convida para ver o começo de seu plano para mudar Londres.

Muito já foi falado sobre essa história, várias críticas e análises tanto do livro quanto quadrinho, então pra não vir aqui e falar mais do mesmo, resolvi focar no simbolismo da máscara e toda a questão da desumanização de V.

Essa postagem contém spoilers do quadrinho e o filme.

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Deixa as minas serem fangirls em paz!

Já vou pedir desculpas logo no começo por esse não ser o típico texto que eu costumo postar. Hoje não tem análises, dicas, listas ou teorias, hoje vai ser um texto sobre um assunto que não sai da minha cabeça e um pouco de relato pessoal.

Caso você saiba ler inglês, o texto que me inspirou a escrever esse está aqui, que basicamente fala sobre como as pessoas e a sociedade em geral tendem a ridicularizar e tirar sarro de garotas adolescentes e das coisas que elas gostam.

Era uma vez eu, com meus 11-13 anos de idade, entrando na adolescência e sendo bombardeada por aquela ideia horrível que temos na escola de “precisamos ser aceitos e populares”. Eu sou uma pessoa muito introvertida, então “popular” não era um adjetivo que eu poderia usar para me descrever na escola (ainda não é, mas pula essa parte). A gente tinha a ideia de que as meninas “populares” eram aquelas que gostavam de se vestir bem, usar maquiagem, tinham os cadernos rosas e suas letras bonitas com glitter. Eu nunca fui nada disso, portanto eu não me encaixava.

Procurei a atenção em outro lugar, e aqui vou desenterrar provavelmente o momento que mais reproduzi machismo em toda minha vida. Eu gostava de videogame, de me vestir com roupas largas e de rock, o que acabou me dando um espaço em alguns grupos de meninos. Quando percebi, eu era um dos meninos, eu era aceita e azar daquelas meninas, né? Porque gostar de roupas e maquiagem era fútil, porque meninas que gostam de funk e pop não tem bom gosto musical, porque meninas que gostam de histórias de amor são bobinhas, ou pelo menos era isso que eu pensava.

Eu não queria ser uma das meninas, além da minha mágoa de não me encaixar no “padrão das meninas”, toda a sociedade ao meu redor dizia que elas eram uma piada, os meninos que andavam comigo falavam em como essas meninas eram bobas. Mas eu não, eu era “diferente”, eu era “legal”.

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