Resenha: Estranhos, de Fefê Torquato

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Estranhos foi lançada em março de 2016, após ser financiada coletivamente no Catarse. A história do quadrinho de Fefê Torquato é contada do ponto de vista de um narrador que observa moradores de um prédio. Não sabemos quem é esse personagem, mas podemos acompanhar enquanto ele vai inventando histórias para pessoas que ele vê pela janela.

O quadrinho é dividido em partes, cada uma delas mostra um dos apartamentos. Acompanhamos aqueles moradores com a mesma curiosidade do narrador, enquanto ele nos apresenta o que acredita ser real, podemos tirar nossas próprias conclusões a partir do que vemos. Temos pessoas de todos os tipos, desde o ator frustrado até a família aparentemente perfeita.

Uma das coisas mais interessantes é como o leitor se relaciona com o narrador. Afinal, não estão os dois acompanhando a vida de pessoas que não conhecem? Óbvio que para o leitor, são personagens de uma história, mas tanto quem lê como o narrador não sabem o que realmente acontece com aqueles moradores, só podemos adivinhar e observar sem sermos convidados.

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Arlequina não quer mais saber do Coringa

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Aviso: Essa postagem contém spoilers das HQ da Arlequina, incluindo o volume 25.

Já comentei em alguns textos que não sou a maior leitora de quadrinhos. Tenho aumentado meu repertório de uns tempos pra cá, mas ainda é pequeno e são principalmente as publicações da Image Comics. Porém, como tem se falado muito dos personagens do Esquadrão Suicida, principalmente da Arlequina, resolvi ler os quadrinhos novos dela por curiosidade.

Essa semana saiu o volume 25 da HQ da Arlequina e em pouco tempo várias imagens surgiram na internet. Na hora que eu vi do que elas se tratavam eu senti algo que mal consigo descrever. Era um misto de alívio, satisfação e felicidade, o que me pareceu estranho depois que parei pra pensar porque eu nunca me considerei uma fã da Arlequina, não por nada, mas porque comecei a conhecer mais da personagem agora.

Pra quem não acompanha a HQ, mas quer ler a postagem mesmo assim, o que acontece é: Arlequina decide mudar de vida e vai para o Brooklyn, onde mora em um novo apartamento, com novos amigos, uma gangue e visitas periódicas da Hera Venenosa. Apesar de possuir métodos nada éticos, dá pra perceber que ela se preocupa com os outros e quer, do seu jeito, fazer o bem, continuando sempre bem-humorada.

Arlequina começa a sair com um cara chamado Mason, que algum tempo depois é preso e mandado para o Asilo Arkham. Sabemos que Arlequina já trabalhou lá e invadiu o lugar, então ela decide voltar para salvar Mason. Acontece que no meio disso, ela encontra o Coringa, que também está preso. Depois de uma briga entre os dois, Arlequina finalmente dá um ponto final no relacionamento abusivo que tinha com ele.

Pois é, isso mesmo que você está lendo, por mais que a HQ tivesse andando para esse lado, eu não achei realmente que algum dia veria, de forma tão gráfica e óbvia, a Arlequina terminando com o Coringa, mas foi isso que aconteceu, e é óbvio que o assunto principal do texto é esse, mas eu queria também falar de outras coisas que acontecem no quadrinho que levaram a isso.

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5 motivos para você ler The Wicked + The Divine

The Wicked + The Divine é um quadrinho da editora Image escrito por Kieron Gillen e ilustrada por Jamie McKelvie. A HQ começou a ser lançada em junho de 2014 e a cada mês temos um capítulo novo.

A história é a seguinte: A cada 90 anos, 12 deuses reencarnam como seres humanos para serem amados, odiados e mudar a vida das pessoas. Depois de dois anos, eles morrem e o ciclo continua. A grande sacada aqui é que esses deuses reencarnam como estrelas da música e não escondem de ninguém o que são, só que uns acreditam e outros não.

Por enquanto só saíram 13 capítulos (12 traduzidos pro português), mas como eu gostei muito e quero que mais pessoas conheçam, resolvi fazer essa lista pra deixar todo mundo com vontade de ler esse quadrinho. Podem ficar tranquilos, não tem spoilers!

  • Originalidade

“Mais uma vez, nós retornamos”

Sinto que ultimamente as pessoas estão mais empolgadas para as continuações de algo que já existe do que por histórias novas. Na E3 desse ano, por exemplo, por melhor que tenha sido, os jogos que mais deram o que falar eram continuações de franquias que já existiam. As produtoras de filmes fazem um remake após o outro e reutilizam personagens que já conhecemos. Não que isso não seja divertido, mas sinto falta de algo novo.

Às vezes temos algo novo, mas que parece mais do mesmo, então é muito bom ler um quadrinho como The Wicked + The Divine, que é uma novidade que realmente tem cara de novo! Lemos a sinopse e pensamos “Que raios de história é essa?”. Deuses que reencarnam e viram popstars? Não é incomum vermos a religião e mitologia serem usados em histórias desse tipo, mas não dessa forma. Os deuses aqui são jogados no nosso mundo atual e como celebridades, suas ações afetam as pessoas ao seu redor e influenciam a cabeça dos fãs.

A originalidade não está só no contexto geral da história, mas também em como Kieron cria esse mundo e guia os personagens, cada um em seu próprio arco. Não posso me estender muito para não dar spoilers, mas leia que você vai entender.

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