Nós somos mais que coadjuvantes | Star Wars, Mad Max e o preconceito no mundo nerd

Como todos sabem, dia 20/10 saiu o novo trailer de Star Wars: O Despertar da Força. No dia anterior, soltaram nas redes sociais o pôster do trailer. A internet explodiu, todo mundo eufórico, correndo pra comprar ingresso, agradecendo por uma das franquias mais amadas do mundo nerd estar de volta aos cinemas… Infelizmente, não foi só felicidade.

No twitter, um grupo começou uma campanha para boicotar o filme com a hashtag #BoycottStarWarsVII porque, segundo essas pessoas, era uma propaganda “anti-branca” por ter muita diversidade no elenco. Há quem diga que a hashtag foi só trabalho de trolls e que a maioria gritante das pessoas que usaram estavam expressando seu nojo contra esse grupo, e que na verdade quem fez a hashtag só queria mesmo causar. Eu não acredito nisso, ainda mais porque supostamente seria uma piada do 4chan, que já tem um histórico bem ruim de preconceito.

Não que eu não acredite na existência de trolls, mas eu não acho que isso era só brincadeira pra ver a reação geral. Não é caso isolado, quando há algum tipo de diversidade maior em alguma mídia nerd, sempre temos essas demonstrações de intolerância nas redes sociais. Não duvido nada que existam pessoas que realmente achem um absurdo que os dois protagonistas do novo Star Wars sejam um homem negro e uma mulher. É só parar pra ver quantas vezes isso já
aconteceu.

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Quem matou o mundo? – O aviso de Mad Max

Desde o lançamento do filme, há inúmeros textos na internet falando de todas as mensagens passadas pelo filme. Na crítica do blog, menciono algumas delas, mas agora gostaria de focar em uma questão específica.

Quem matou o mundo?

Essa é uma pergunta repetida em vários momentos do filme. Apesar de Mad Max não ter uma resposta direta, acredito que vários elementos no filme apontam culpados.

O filme pega elementos da nossa sociedade atual, exagera em certos pontos e se torna um aviso para todos nós, o que acontece em Mad Max não é específico para o campo da ficção, são representações da nossa realidade. Toda a ficção reflete de certa forma aspectos da nossa sociedade, mas aqui é um recado mais direto e urgente, George Miller e sua produção gritam um “acorda!” para a audiência, mostrando que muitas das coisas que tanto preservamos na nossa sociedade podem matar o mundo. Pode ser que não crie um universo pós apocalíptico com desertos e corridas de carro, mas que podem nos destruir.

Spoilers do filme abaixo.

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Mad Max: A Estrada das Mulheres

No começo, não tive interesse nenhum em assistir Mad Max. Era um filme de ação, explosões, perseguições com carros… Nada que me chamasse muito a atenção. Foi aí que li uma matéria de como os Ativistas das Causas dos Homens tinham pedido para que as pessoas boicotassem o filme, porque segundo eles, era uma propaganda feminista. Obviamente o filme passou para o topo da lista das coisas que eu queria fazer no final de semana.

Mad Max: A Estrada da Fúria é um filme australiano que conta a história de um mundo pós-apocalíptico em que a gasolina e a água passaram a ser muito valiosos pela escassez. O mundo é dividido em gangues de carros e motoqueiros que tentam sobreviver com os poucos recursos que restaram. Max é capturado por uma dessas gangues que é comandada por Immortan Joe. Sua imperatriz, Furiosa, está numa missão para trazer mais combustível para eles, mas não é bem isso que vai acontecer…

Por onde eu começo? George Miller dá um show de direção, a fotografia é incrível e as cores escolhidas para o filme fortalecem a ideia de um mundo devastado. O longa alterna cenas de ação com diálogos interessantes para não cansar, porém, uma das poucas falhas do filme é exagerar nas cenas de luta. O enredo te deixa tão vidrado na história que é só no final que você sente que está ficando repetitivo, mas a vontade de saber o que acontece é tão grande que esquecemos a repetição

Aliás, não espere grandes explicações do universo de Mad Max. O filme mostra pistas de vez em quando daquele mundo, mas não gasta diálogos com isso. Há alguns pontos aqui ou ali que podem ficar meio confusos para quem não viu a primeira trilogia de Mad Max, porém é fácil deduzir o que está acontecendo. A parte importante da história está toda ali e a nova geração de cinéfilos não vai ficar perdida.

Os atores são incríveis, mas Charlize Theron se destaca e rouba a cena em todos os momentos em que aparece. Furiosa é uma guerreira, mas também tem sentimentos, sente dor, chora… Uma personagem incrível. Todos os personagens do filme mostram certa densidade, por mais que não seja revelado muito.

Destaque para a trilha sonora que vai ficar tocando na sua cabeça horas depois que sair do filme. As músicas dão o clima certo nas horas certas, principalmente nas cenas de ação.

Outro ponto que faz o filme ser tão marcante são suas personagens femininas. Como dito antes, todos os personagens são incríveis, mas são as mulheres que movem a história. Não só a guerreira Furiosa, mas todas as esposas têm sua importância. Nas mãos de muitos diretores, o filme reduziria as cinco esposas apenas ao papel de “donzelas em perigo”, todas iguais e com os mesmos propósitos. Mas não, as mulheres não são só mais um objeto, que acontece em muitos filmes se ação, elas são complexas e interessantes. Isso acabou incomodando muitos homens que sentem que seu gênero está sendo “invadido pelo cavalo de Troia feminista”. Vai ter mulheres sim e se reclamar elas te dão cabeçada e te derrubam do carro!

O filme é incrível, até os menos interessados no gênero vão se divertir com Mad Max. É um dos melhores filmes de ação que vi e espero que os outros aprendam com este.

Abaixo análise com spoilers

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