Rat Queens | Mulheres na fantasia medieval

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Há algum tempo atrás escrevi esse texto que fala sobre machismo na fantasia medieval. O que acontece é que, como desculpa para não pensar fora da caixa, muitos roteiristas/produtores/diretores/escritores desse gênero acabam reproduzindo machismo em suas histórias. Quando questionados, insistem em falar que “naquela época era assim”, e como falo no outro texto, isso não faz o menor sentido.

Veja bem, a reclamação não é que nenhuma obra de ficção de fantasia medieval não possa falar sobre machismo, a crítica é que as pessoas repensem nas mensagens que querem passar. De qualquer forma, já falei sobre isso, então mais sobre esse assunto no outro texto.

No ano passado ouvi falar de um quadrinho chamado Rat Queens. A história acompanha um grupo mercenário chamado Rat Queens, composto por quatro mulheres que passam por inúmeras aventuras. O quadrinho é de fantasia medieval e até tem uma pegada que lembra RPG: Uma party em que cada uma das quatro personagens tem uma classe específica, juntas elas se completam e compõe um grupo poderoso.

Apesar de ter o quadrinho há alguns meses, só nos últimos dias que realmente sentei para ler tudo e descobri que agora está em hiato (infelizmente). A história é incrível, todas as personagens são complexas, a trama em geral do quadrinho também vai avançando de forma interessante e todos os núcleos são divertidos. Apesar do hiato, é uma história que eu recomendo e já tem em português pela Jambô, inclusive a Rebeca já escreveu sobre isso no Collant.

Mas o que é mais surpreendente e legal de Rat Queens é que essa é uma história de fantasia medieval que não usa nenhuma das “desculpas” clássicas do “naquela época”. Rat Queens mostra que é perfeitamente possível fazer uma história desse gênero sem colocar estereótipos machistas por causa da “fidelidade histórica”.

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Mad Max: A Estrada das Mulheres

No começo, não tive interesse nenhum em assistir Mad Max. Era um filme de ação, explosões, perseguições com carros… Nada que me chamasse muito a atenção. Foi aí que li uma matéria de como os Ativistas das Causas dos Homens tinham pedido para que as pessoas boicotassem o filme, porque segundo eles, era uma propaganda feminista. Obviamente o filme passou para o topo da lista das coisas que eu queria fazer no final de semana.

Mad Max: A Estrada da Fúria é um filme australiano que conta a história de um mundo pós-apocalíptico em que a gasolina e a água passaram a ser muito valiosos pela escassez. O mundo é dividido em gangues de carros e motoqueiros que tentam sobreviver com os poucos recursos que restaram. Max é capturado por uma dessas gangues que é comandada por Immortan Joe. Sua imperatriz, Furiosa, está numa missão para trazer mais combustível para eles, mas não é bem isso que vai acontecer…

Por onde eu começo? George Miller dá um show de direção, a fotografia é incrível e as cores escolhidas para o filme fortalecem a ideia de um mundo devastado. O longa alterna cenas de ação com diálogos interessantes para não cansar, porém, uma das poucas falhas do filme é exagerar nas cenas de luta. O enredo te deixa tão vidrado na história que é só no final que você sente que está ficando repetitivo, mas a vontade de saber o que acontece é tão grande que esquecemos a repetição

Aliás, não espere grandes explicações do universo de Mad Max. O filme mostra pistas de vez em quando daquele mundo, mas não gasta diálogos com isso. Há alguns pontos aqui ou ali que podem ficar meio confusos para quem não viu a primeira trilogia de Mad Max, porém é fácil deduzir o que está acontecendo. A parte importante da história está toda ali e a nova geração de cinéfilos não vai ficar perdida.

Os atores são incríveis, mas Charlize Theron se destaca e rouba a cena em todos os momentos em que aparece. Furiosa é uma guerreira, mas também tem sentimentos, sente dor, chora… Uma personagem incrível. Todos os personagens do filme mostram certa densidade, por mais que não seja revelado muito.

Destaque para a trilha sonora que vai ficar tocando na sua cabeça horas depois que sair do filme. As músicas dão o clima certo nas horas certas, principalmente nas cenas de ação.

Outro ponto que faz o filme ser tão marcante são suas personagens femininas. Como dito antes, todos os personagens são incríveis, mas são as mulheres que movem a história. Não só a guerreira Furiosa, mas todas as esposas têm sua importância. Nas mãos de muitos diretores, o filme reduziria as cinco esposas apenas ao papel de “donzelas em perigo”, todas iguais e com os mesmos propósitos. Mas não, as mulheres não são só mais um objeto, que acontece em muitos filmes se ação, elas são complexas e interessantes. Isso acabou incomodando muitos homens que sentem que seu gênero está sendo “invadido pelo cavalo de Troia feminista”. Vai ter mulheres sim e se reclamar elas te dão cabeçada e te derrubam do carro!

O filme é incrível, até os menos interessados no gênero vão se divertir com Mad Max. É um dos melhores filmes de ação que vi e espero que os outros aprendam com este.

Abaixo análise com spoilers

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