“Não estamos sós” ou um desabafo no 8 de março

shepard

Desenho maravilhoso da Kaol da melhor salvadora da galáxia que você respeita

No 8 de março, dia internacional da mulher, eu normalmente escreveria algum texto sobre as personagens que me marcaram pessoalmente ou a cultura pop em geral, já que né, é sobre isso que eu falo. Estou participando da ação #WeCanNerdIt que você pode ver mais no último texto que eu escrevi. Mas esse texto é um pouco diferente.

Que ser mulher não é fácil todo mundo já sabe, ainda mais se você for uma mulher fora do padrão. São tantos tipos de opressões que podem acontecer que se eu listar todas, a gente não para hoje.

Pensando nas pessoas que criam conteúdo para a cultura pop em geral, as personagens femininas geralmente são um dos grandes assuntos no dia de hoje. Aqui mesmo eu já fiz duas listas para o 8 de março, comemoramos quando vemos uma representação legal e gostamos de pensar no poder de “fight like a girl” (lute como uma garota). Também celebramos as mulheres reais que trabalham nessa indústria que, como sabemos, não é fácil.

E que representatividade importa acho que vocês também já sabem. Não vai acabar com todos os problemas do mundo, mas tem sim o seu papel. Para mim, e talvez para você também, o fato dessas personagens virarem símbolos para algumas de nós, delas nos empoderarem tanto é porque nós somos diminuídas toda a hora na nossa sociedade e de todas as formas.

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A violência virtual contra as mulheres no meio nerd

patty

Durante os 16 dias de ativismo na luta contra a violência à mulher, os blogs envoltos pelo #feminismonerd se propuseram a discutir as problemáticas em torno da representação de mulheres como uma matriz que reitera os discursos de violência e ódio, quanto veículos que visibilizam a discussão. Sabemos que, apenas a exposição e discussões possibilitam o combate direto, a resolução e identificação do problema. Como reitera a escritora e teórica feminista Audre Lorde : “é preciso transformar o silêncio em linguagem e ação”.

Acredito que todo mundo que crie conteúdo nerd na internet, ou está próximo desse meio de alguma forma, sabe que assédio e ameaças virtuais não são incomuns, ainda mais se você for mulher. Um relatório da ONU de 2015 aponta que 73% das mulheres já sofreram algum tipo de violência virtual.

Esse tipo de violência é qualquer agressão psicológica que é feita através da internet (difamação, humilhação, ameaça, etc). Atualmente, estar conectado online é uma grande parte da vida de muitas pessoas, portanto é natural e esperado que qualquer violência que aconteça no âmbito virtual afete a pessoa que está do outro lado da tela.

Mulheres acabam se tornando um grande alvo desse tipo de violência, que se liga ao machismo. São de xingamentos misóginos até ameaças ou exposições graves. Infelizmente não são incomuns os casos de mulheres tendo a vida íntima exposta na internet. Essa prática se chama revenge porn (pornografia de vingança) e pode acabar com a vida de uma pessoa. Há vários casos de mulheres que se suicidaram por serem expostas dessa forma, além de todo tipo de dano psicológico que isso pode causar.

O meio nerd não escapa desse tipo de violência, mulheres nerds acabam sendo vítimas de um ambiente que ainda é muito machista e que não recebe bem minorias. Como foi visto por muito tempo como um meio “de meninos”, mulheres não são sempre aceitas. Temos melhorado com os últimos tempos, mas ainda é um espaço que pode ser tóxico.

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Nós somos mais que coadjuvantes | Star Wars, Mad Max e o preconceito no mundo nerd

Como todos sabem, dia 20/10 saiu o novo trailer de Star Wars: O Despertar da Força. No dia anterior, soltaram nas redes sociais o pôster do trailer. A internet explodiu, todo mundo eufórico, correndo pra comprar ingresso, agradecendo por uma das franquias mais amadas do mundo nerd estar de volta aos cinemas… Infelizmente, não foi só felicidade.

No twitter, um grupo começou uma campanha para boicotar o filme com a hashtag #BoycottStarWarsVII porque, segundo essas pessoas, era uma propaganda “anti-branca” por ter muita diversidade no elenco. Há quem diga que a hashtag foi só trabalho de trolls e que a maioria gritante das pessoas que usaram estavam expressando seu nojo contra esse grupo, e que na verdade quem fez a hashtag só queria mesmo causar. Eu não acredito nisso, ainda mais porque supostamente seria uma piada do 4chan, que já tem um histórico bem ruim de preconceito.

Não que eu não acredite na existência de trolls, mas eu não acho que isso era só brincadeira pra ver a reação geral. Não é caso isolado, quando há algum tipo de diversidade maior em alguma mídia nerd, sempre temos essas demonstrações de intolerância nas redes sociais. Não duvido nada que existam pessoas que realmente achem um absurdo que os dois protagonistas do novo Star Wars sejam um homem negro e uma mulher. É só parar pra ver quantas vezes isso já
aconteceu.

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