O termo “Mary Sue” e o caso da Rey

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O texto possui spoilers de Star Wars: O Despertar da Força.

Desde que o episódio VII de Star Wars foi anunciado, muito tem se falado da diversidade que está sendo inserida em uma das histórias mais amadas entre os nerds. Então não é nada surpreendente que a parte preconceituosa dos fãs, que nós já sabemos que não é pequena, ainda está reclamando de inúmeras coisas.

A repercussão sobre a diversidade do filme não foi pequena, tivemos inúmeros textos sobre a Rey e o Finn, sobre a representação de mulheres e negros, que inclusive cresceu para discussões sobre por que não encontramos tantos brinquedos da Rey ou sobre por que os bonecos do Finn estão sobrando nas lojas enquanto os outros sempre esgotam.

Uma coisa em especial veio chamando minha atenção. Desde que escrevi meu texto sobre a Rey e o quanto é importante ter uma mulher como protagonista de Star Wars, vi vários comentários, tanto no meu texto quanto em outros lugares, sobre Rey ser uma Mary Sue. Confesso que não sabia muito sobre o termo, então fui pesquisar. (Nota rápida: Ao contrário do que algumas pessoas me acusaram, sim, a tal da “justiceira” aqui viu sim todos os filmes de Star Wars, mais de uma vez cada por sinal. Eu conheço e pesquiso algo antes de falar sobre o assunto, diferente dos caras que nunca leram um parágrafo sobre feminismo e cobram minha carteirinha nerd. Quem que não faz a lição de casa?).

Vamos começar explicando o termo Mary Sue

O termo nasceu no mundo das fanfiction, que, para quem não sabe, é quando alguém escreve uma história de um universo ficcional que já existe. Caso você entre em um site de fanfics famoso, como o Archive of our own, vai encontrar histórias de inúmeros fandoms. Talvez o caso mais conhecido (infelizmente) é 50 Tons de Cinza, que começo como uma fanfic AU (alternative universe = universo alternativo) de Crepúsculo.

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Vamos falar sobre a Rey

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O texto não possui spoilers do filme, mas eu vou comentar alguns aspectos da personagem, então fica o aviso.

Ah, Rey! O que dizer dessa personagem que mal conheço e já amo pacas? Em ano de Furiosa e Jessica Jones, não achei que nos 45 do segundo tempo de 2015 nós teríamos ainda mais uma personagem feminina marcante na ficção. Felizmente eu estava errada.

Sim, é verdade que a atuação incrível de Daisy Ridley ajudou, que em poucos minutos já conseguiu cativar o público, mas aqui também temos uma personagem muito bem construída, sendo protagonista de um dos maiores clássicos do universo nerd. Isso é um passo muito importante quando falamos de representação.

Eu sempre tive muita dificuldade de mergulhar no fandom de Star Wars, por mais que gostasse de toda a mitologia do universo criado por George Lucas, sempre senti que faltava uma personagem que eu pudesse olhar e me ver de certa forma. Eu sei que temos Leia e Padmé, mas ambas são as únicas em um mundo completamente dominado por homens, além de que Leia passa por momentos “preciso ser salva” e Padmé tem um desenvolvimento bem falho durante a segunda trilogia. Gosto muito das duas, mas elas não me atraíam como outras personagens de outras histórias faziam. Esse é também o mesmo motivo pelo qual nunca consegui mergulhar de cabeça no mundo de Senhor do Anéis.

Eu lembro de uma vez me perguntar se não existiam mulheres Jedi e se havia alguma parte da mitologia de Star Wars que dizia que mulheres não poderiam ser Jedi. Quando assisti de novo todos os filmes, eu lembro de ver duas, naquele momento do episódio III em que todos os Jedi são executados. É isso, pouquíssimas Jedi que só aparecem para morrer.

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