Quando mulheres não podem ser humanas

Until Dawn™_20150825222719

O texto contém spoilers de Until Dawn.

Essa reflexão de hoje começou com esse texto que está nos meus favoritos e com alguma frequência abro para ler de novo. Alguns dias depois voltei a pensar no assunto quando assisti Garota Sombria Caminha pela Noite. Certos eventos pessoais e coisas que observei mais a fundo na ficção me fizeram cada vez mais pensar nesse tema, até que hoje resolvi fazer um texto, meio desabafo, sobre isso.

Recentemente, como vocês sabem, zerei Until Dawn, um jogo de terror. Apesar de ter gostado bastante do jogo, um ponto importante da narrativa me incomodou bastante e tem tudo a ver com o assunto em questão.

Em Until Dawn, Hannah é apaixonada por Mike. Ela fazia testes em revistas adolescentes para ver se conseguiria ficar com ele, escreveu sobre ele em seu diário e até fez uma tatuagem pra provar o quão “cool” ela era. Os amigos deles descobriram dessa queda que Hannah tinha por Mike e, como ele tinha uma namorada, Emily, eles resolveram fazer uma brincadeira de mau gosto: Fazer Mike fingir que eles iam ficar juntos para gravarem Hannah tirando a roupa. Independente deles terem intenção de divulgar ou não, isso é exposição.

Resultado: Hannah foge, sua irmã gêmea, Beth, vai atrás, as duas caem de um penhasco e são dadas como desaparecidas. Durante o jogo descobrimos que Beth morreu, mas Hannah sobreviveu e como não conseguiu sair das minas em que caiu, precisou comer o corpo morto da irmã pra sobreviver, o que a transformou em um Wendigo. Eu só conseguia pensar em como não era justa essa história, Hannah era uma moça ingênua, que confiava e amava Mike e por querer ter algo com ele, acabou caindo de um penhasco e se tornando em um monstro.

Continuar lendo

Crítica: Until Dawn

until

Em resumo, um jogo de terror no estilo Heavy Rain. Until Dawn, lançado pela Supermassive Games em 2015, é exclusivo para PlayStation 4 e segue aquela linha de “filme interativo”, bastante cenas e diálogos, mais focado em história e com pouco combate.

Until Dawn fala sobre 8 amigos que todo ano passam o inverno numa casa na montanha. No ano anterior, após uma “brincadeira” de mau gosto, Hannah foge para o meio da floresta e sua irmã gêmea, Beth, vai atrás para tentar trazê-la de volta. As duas ouvem barulhos estranhos na floresta e começam a fugir, mas acabam tropeçando de um penhasco e caindo de lá. Um ano depois que elas foram dadas como desaparecidas, o irmão das duas, Josh, convida o grupo para visitar a casa novamente, mas várias coisas estranhas começam a acontecer.

A história lembra muito aqueles filmes de terror clássicos: um grupo de adolescentes que enfrentam criaturas desconhecidas depois de um evento traumático do passado. Entre eles existem vários romances: Emily é ex do Mike e namora Matt, mas talvez ainda tenha um caso com o ex, Jessica é atual do Mike e fica incomodada com Emily, Chris tem uma queda por Ashley e a “brincadeira” feita com Hannah acontece porque Emily tem ciúmes dela com Mike. O interessante é que o jogo usa isso, não só para cenas de brigas entre os personagens, mas há uma página de status no menu em que podemos ver o quanto eles gostam um dos outros, que pode afetar certas decisões no jogo.

O jogo é dividido em 10 capítulos e só depois de ser zerado uma vez que você pode voltar para cada capítulo e refazer suas escolhas. No começo, Until Dawn já nos apresenta o mecanismo efeito borboleta: a cada decisão grande, borboletas aparecerão na tela e no menu podemos ver essas decisões e suas consequências mais tarde. Também podemos encontrar objetos que mostram o futuro e podem nos ajudar com certas escolhas.

Apesar de certos eventos do jogo não mudarem muito de acordo com o que você escolhe, é responsabilidade totalmente do jogador de manter os 8 adolescentes vivos e as mudanças nos fazem querer jogar mais de uma vez para tentar encontrar todas as pistas e finais. Apesar dos eventos parecerem todos distantes um dos outros e que o jogo vai adicionando inimigos sem motivo, no final tudo se conecta e faz sentido.

Há vários vídeos nos extras mostrando como o jogo foi feito, inclusive com os atores que fazem os personagens falando sobre como foi. Aliás, os personagens são um dos motivos pelo qual o jogo é tão divertido, nos pegamos odiando e amando alguns deles, entendendo seus jeitos e motivações. Quando eu joguei, tudo que eu queria era que Mike e Emily se ferrassem enquanto Sam saísse da casa sã e salva.

Continuar lendo