Jessica Jones | Primeira Temporada

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A Netflix acertou mais uma vez! Depois de uma adaptação muito bem feita de Demolidor, um grande herói do universo da Marvel, a Netflix vai para os quadrinhos de novo e produz uma série incrível de uma das heroínas mais importantes que conheci: Jessica Jones.

Jessica é uma investigadora particular de Hell’s Kitchen. Ela é forte, durona, se vira sozinha e não deixa que ninguém pise nela. Jessica não liga para a opinião dos outros, mas ajuda quem precisar sem pensar duas vezes. No meio de uma de suas investigações, Jessica precisa encarar um trauma de seu passado do qual vem tentando fugir há tempos, mas ela cansou de fugir.

A série me lembrou muito o estilo Demolidor, não só pelas semelhanças entre os protagonistas, mas também pelo estilo que a Netflix usou para ambas a série. Porém, arrisco dizer aqui que Jessica Jones é melhor.

Podem ficar tranquilos, esse texto não tem spoilers.

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A história é incrível, do começo ao fim ficamos curiosos e tensos para saber o que vai acontecer. Nunca nos cansamos de ver o que Jessica vai fazer, queremos saber tudo de sua vida, de seus sentimentos e seus próximos passos para vencer essa sombra do passado que ainda a atormenta. Em pouquíssimos momentos a história parecia perder um pouco o ritmo, os roteiristas e os diretores fizeram um excelente trabalho no andamento da história.

Nunca li os quadrinhos da Jessica Jones, então para mim, que cheguei agora, não consegui encontrar nenhum furo ou nada insatisfatório, as únicas coisas sem conclusões são os ganchos que foram deixados para uma possível segunda temporada. Mesmo que não seja renovada (por favor renovem!), Jessica Jones funciona como um filme de 13 horas, o que é um ponto super positivo, porque apesar de várias idas e vindas, a série conclui de um jeito ótimo a trama toda. Mas é importante lembrar aos fãs de quadrinhos que a série é bem diferente do original.

Os atores e personagens precisam ser aplaudidos também. Estou apaixonada pela atuação de Kristen Ritter como Jessica Jones, que foi muito além da heroína durona, ela é um ser humano com seus momentos e fraquezas, entendemos perfeitamente ao longo da série porque ela usa aquela armadura, que por muitos é lida como “grossa”. Não consigo imaginar Jessica Jones de nenhuma outra forma. Mesmo que Kristen sempre roube a cena, os personagens coadjuvantes não deixam a desejar. Nos importamos com Malcolm, Luke, Trish e até com alguns mais cruéis como Jeri. Por mais que não sejam os pontos principais em vários episódios, a atuação não cai.

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Também precisamos falar de Killgrave (e nem vem querido, roxo é a minha cor). David Tennant estava excelente no papel, pessoalmente nunca dei bola pra ele, mas amei cada segundo de sua atuação como Killgrave, desde a face do vilão cruel até a criança mimada. Killgrave é uma pessoa horrível e um personagem interessante ao mesmo tempo, manipulador e um verdadeiro desafio para Jessica Jones.

O embate entre Jessica e Killgrave é muito simbólico, o cara charmoso e manipulador tentando controlar a mulher que diz amar, completamente obcecado por ela. Nisso Jessica não se torna apenas uma heroína da Marvel, mas um exemplo para todas as mulheres que precisam lutar contra assédios e abusos todos os dias. Pra mim, a maior mensagem da do roteiro é a mulher superando um relacionamento abusivo, ver isso numa série sobre uma história em quadrinho, de um jeito tão bem feito me tirou o fôlego, arrisco dizer que foi uma das melhores séries do ano e um dos maiores acertos da Netflix.

Visualmente a série passa exatamente a sensação sombria que precisa ter. Não só com a violência gráfica, mas também com a arte e a fotografia. Batemos o olho e sabemos que não vai ser uma história leve, não é sobre uma heroína como a Supergirl (nada contra Supergirl, são estilos bem diferentes), é uma história pesada, que mostra o lado difícil de engolir, mas que precisamos aprender a vencer.

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Quando olhamos para representatividade, claro que sempre há espaço para melhorar, mas Jessica Jones acerta bastante. Primeiro com essa heroína incrível que mostra o quão fortes e resistentes as mulheres podem ser. Também temos mulheres em diferentes situações, a advogada sem escrúpulos e a apresentadora de programa que, apesar de não ter força incrível como Jéssica, não teme encarar os vilões. Temos personagens negros como Luke e Malcolm, inclusive palmas para esse último, que a princípio achei que seria uma plot que me incomodaria bastante, mas acabou tomando um rumo que eu não imaginava. Vemos representação LGBT+ na personagem de Jeri, que lida com um casamento difícil e sua nova amante. Como eu sempre digo, sempre há espaço para melhorar, mas com uma série que teve tanto a mostrar e sendo produzida pela Netflix, acredito que uma segunda temporada poderia só aumentar as representações.

Outro fator interessante da série é como eles fazem questão de fazer relações com outros heróis da Marvel. Jessica menciona mais de uma vez os Vingadores, assim como vemos relances do preconceito contra pessoas “mutantes” que é sempre um grande tema de X-Men. Além disso, há conexões bem fortes com a série Demolidor, que me faz pensar se é possível no futuro esses dois heróis se cruzarem.

Só posso concluir essa crítica recomendando para todo mundo, não só para os fãs de quadrinhos, mas para todos que gostam de uma série que tenha uma história envolvente e muito importante. Nos tempos atuais, uma adaptação de Jessica Jones foi uma escolha certeira, não é só um exemplo de uma série bem feita, mas Jessica é um exemplo de personagem, uma representação importante para todas as mulheres. Assistam, vocês não vão se arrepender.

5 comentários sobre “Jessica Jones | Primeira Temporada

  1. Tive a mesma percepção que vc sobre a série, pra mim trata-se de uma história sobre superar abuso, Jessica, Trish, Malcom, todos lutam contra seus abusadores e vencem, resistem, talvez por isso eu tenha adorado. Li uma crítica de um site famosinho que me soou negativa e fiquei bem chateada, não pelo cara não ter curtido a série, mas por ele ter passado o texto inteiro falando que o principal ponto positivo da era o kilgrave e o quanto o vilão era incrível, o que me faz pensar, será que os homens são incapazes de gostar e de entender um produto que não fale sobre os problemas deles? Espero estar errada. Outro ponto que achei interessante foram as cenas de sexo, todas deram importância ao prazer feminino, não me lembro de ter visto tanto orgasmo feminino em uma série do gênero, e nenhuma das cenas objetificou as moças, pelo contrário elas que dominavam a situação. A série não é perfeita, mas pra mim que já curtia muito a personagem bateu a expectativa que já tava no céu.

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  2. Pingback: Jessica Jones e os relacionamentos abusivos | Ideias em Roxo

  3. Para mim foi sem dúvida a melhor série de 2015, pessoalmente acho melhor que Demolidor. Todos os personagens acabam tendo sua própria história e isso só enriquece a série. Na verdade, realmente, a série quase não fala sobre os superpoderes mas sim sobre abuso, estupro, privilégios e escolhas. E por ter tratado tantos assuntos de uma maneira tão inteligente, essa série merece todos os elogios do mundo. Fico feliz de poder dizer que estou ajudando outras pessoas a descobrirem quão boa essa série é.
    E sim, há espaço para melhorar, mas ela já está no caminho certo.

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